Em
entrevista especial, a psicóloga Dra. Juliana Firmino, destaca como podem ser
esta postura de vida, neste momento de isolamento, vivenciado durante a
pandemia.
DIÁRIO: Dra. Juliana, o que é saúde mental?
Dra. Juliana: Ela pode ser caracterizada como sentimento
de bem-estar, em que a pessoa trabalha, aprecia a vida e ao mesmo tempo,
administra suas próprias emoções. Em resumo, saúde mental é administrar
sentimentos positivos, como alegria, confiança, felicidade, mas também saber
lidar com sentimentos tristes como a frustação, os ciúmes e a decepção. Em suma,
é saber lidar com isto.
DIÁRIO: Como evitar que se perca a saúde
mental?
Dra. Juliana: Em primeiro momento é interessante a
pessoa saber que ela não precisa dar conta de tudo. É importante eleger prioridades
no dia-a-dia, o que é urgente, o que pode esperar, manter relacionamentos
positivos, vivenciar seu propósito no ambiente de trabalho, fazendo o que
gosta, e, ter atividade física é importantíssimo, pois ela traz os hormônios do
bem-estar, como a endorfina, serotonina, dopamina. Enfim, é necessário estar engajado
em atividades que fazem sentido para a pessoa.
Outra
coisa muito importante: não querer agradar a todos, ninguém consegue isto.
DIÁRIO: Ansiedade e depressão aparentemente
estão afligindo mais as pessoas, quais os cuidados se devem tomar neste
momento?
Dra. Juliana: O período da pandemia
trouxe muitas incertezas, trouxe o medo de contrair o vírus ou de que algum
familiar contraia o COVID-19. Então, pessoas que já tinham tendência à ansiedade
e à depressão ficaram muito ansiosas, alguns desenvolveram o transtorno de
ansiedade.
A
ansiedade em si, é normal. Quando ela está equilibrada, ela te prepara para um evento,
ela te deixa atento. Quando ela avança e sai do equilíbrio, nós chamamos de
transtorno de ansiedade.
Na
pandemia, muitas pessoas desenvolveram o transtorno de ansiedade justamente
porque estão privadas de fazer o que gostam, seja no trabalho, seja ver os
amigos e familiares, e, ao mesmo tempo, consomem muitas informações. O que eu
sempre sugiro para os que já estão com transtorno de ansiedade é reduzir o
excesso de informações, não ficar assistindo noticiário a respeito do vírus o
tempo todo, embora não deixem de se informar, mas que escolham um momento do
dia para buscar informação. Depois, disto, não fique só focado no assunto
vírus, senão o corpo vai transformar isto em ansiedade elevada. É preciso
evitar as fake news também, e, reforçamos a importância de manter atividade
física.
DIÁRIO: 4 - Remédios causam dependência?
Dra. Juliana: É uma pergunta bem
complexa. Há medicamentos que podem causar dependência, que são aqueles de
tarja preta, em sua maioria. No entanto, os medicamentos indicados pelos
psiquiatras, no geral, são avaliados de acordo com cada paciente. Então, se
eles precisarem utilizar medicação de tarja preta, eles farão com controle, de
forma que não deixe o paciente dependente. A grande maioria dos psiquiatras usa
a medicação de tarja preta apenas em último caso, e, se o psiquiatra indicá-lo,
ele saberá ter o controle do mesmo, e, com este controle do médico, penso que o
paciente não se sujeitará à dependência.
O que
pode vir a causar dependência, é que algumas pessoas vão ao médico uma vez, e,
às vezes, o profissional de saúde receita uma medicação de tarja preta, por
exemplo, e, ai esta pessoa não retorna ao médico e fica, por conta própria,
renovando a receita, em automedicação. Ai é que esta o erro, pois, é preciso ir
ao especialista, pois, ele saberá se já precisa mudar a receita, a fórmula, o momento
de reduzir a medicação ou até mesmo retirá-la para não causar dependência.
No
consultório, quando precisamos indicar uma pessoa com transtorno depressivo ou
ansiedade muito elevada, por vezes, combinamos terapia com tratamento
psiquiátrico. As vezes, com este receio de ficar dependente da medicação,
muitos resistem em buscar esta ajuda com o profissional capacitado.
Estou
sempre batendo na tecla: o medicamento que o médico vai te passar será na
dosagem correta. Se a pessoa usar corretamente, não haverá dependência.
Se
precisar de ajuda médica, não tenha receio de procurar.
DIÁRIO: Como identificar uma situação de risco
à saúde mental?
Dra. Juliana: O excesso de sono, por
exemplo. Se a pessoa dormia oito horas por dia e passa a querer dormir a maior
parte do tempo; se ela perdeu o interesse em atividades que antes considerava
importantes ou prazerosas, quando também a pessoa começa a ter insônia ou deixa
de fazer atividades importantes; quando ela vai se recolhendo, para de conviver
com as pessoas, e, a cada dia, vai ficando sozinha, e, quando a pessoa se
altera com facilidade, como ficar irritada, responder de forma bruta, são
indícios de que a pessoa precisa de ajuda.
A
clínica da Dra. Juliana Firmino localiza-se à Rua Monsenhor Gonzalez, 618, no centro
de Manhuaçu. Contatos podem ser feitos pelo telefone (33) 98416-3674.
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