terça-feira, 1 de novembro de 2011

Tecnologia e Sabedoria


Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues

Arcebispo de Sorocaba – SP


Colhi de uma agência de notícias na internet a seguinte afirmação: “Steve Jobs foi homenageado até mesmo por veículos ligados ao Vaticano”. Note o leitor que o “até mesmo” pode ser interpretado negativamente, pois atrás da expressão poderia estar a ideia de que a Igreja se opõe ao avanço das novas tecnologias, o que não é verdade. “A maior contribuição que Steve Jobs nos deixou é a de sentir a tecnologia como algo que faz parte da vida de todos os dias. Deixou de ser um assunto apenas para técnicos”, comentou a Rádio Vaticano.

Recentemente participei de um Seminário de Comunicação para bispos, promovido pelo Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais da Santa Sé, no qual, além das análises socioculturais do impacto das novas tecnologias de comunicação, procuramos pensá-las à luz da fé, sobretudo através de uma rica exposição com o seguinte título: “Espiritualidade e Elementos para uma Teologia da Comunicação em Rede”.

Apenas para o leitor se fazer uma ideia do significado que a Igreja atribui à Internet, cito um breve trecho da conferência do teólogo: “A rede, colocada ao alcance da mão (também no sentido literal), começa a incidir sobre a capacidade de viver e de pensar. De seu influxo depende de algum modo a percepção de nós mesmos, dos outros e do mundo que nos cerca e daquilo que ainda não conhecemos”. Uma nova cultura se instala através da Internet. A humanidade se reconhece cada vez mais uma única família.

As novas tecnologias estão aí. O que faremos delas? Espaço de relações verdadeiras ou praça de guerra? Espaço de circulação da verdade ou de relações falsas? Com certeza Steve Jobs em seu empenho criativo pensava estar colocando a serviço da humanidade poderosos meios de comunicação. Sua história, por ele mesmo interpretada em discurso de formatura na Universidade de Stanford, em junho de 2005, nos deixa preciosas lições sobre o significado da Vida.

Na primeira parte, que ele designa como “ligar os pontos”, descreve como os aparentes contratempos da existência, passado o tempo, se ligam harmoniosamente e afirma: “claro que era impossível conectar os pontos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas ficou muito claro olhando para trás, dez anos depois. Você só pode conectar os pontos de algum jeito olhando para trás” e acrescenta: “Então você tem que confiar que os pontos de algum jeito vão se conectar no futuro”.

Na segunda parte, que ele denomina “Amor e Perda”, Steve testemunha que sua demissão da empresa, que ele mesmo fundara, a Apple, significou um grande vazio, mas que, mesmo assim, ele continuava amando o que fazia e decidiu recomeçar tudo de novo e afirma que a demissão, vista depois, “foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. Deu-me a liberdade para começar um dos períodos mais criativos de minha vida” quando criou duas empresas a NeXT e a Pixar e “em que me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa”. Ao narrar essa parte ele diz aos formandos: “Às vezes a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé”. Amor ao trabalho e às pessoas é o segredo de viver contente. Na terceira parte, Steve narra o diagnóstico do câncer no Pâncreas que, finalmente, o levou à morte e passa a refletir sobre a morte.

Começa por lembrar-se de ter lido, aos 17 anos, em algum lugar: “Se você viver cada dia como se fosse o último, algum dia provavelmente você vai acertar”. Levou a sério o que lera e afirma ter mudado várias vezes de direção por se perguntar: “se fosse hoje o último dia de minha vida, eu iria querer fazer o que vou fazer hoje?” E assevera: “lembrar que eu logo vou estar morto é a ferramenta mais importante que eu já encontrei para me ajudar a fazer grandes escolhas na vida, porque quase tudo, toda expectativa exterior, todo orgulho, todo o medo de dificuldades, de falhas, estas coisas simplesmente somem em face da morte, deixando apenas o que realmente é importante. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que conheço para evitar a armadilha de achar que você tem algo a perder. Você está nu. Não há razão para não seguir seu coração”.

Mais adiante Steve diz que ninguém quer morrer mesmo crendo no céu “e mesmo assim a morte é o destino que todos compartilhamos. Ninguém nunca escapou dela. E é como deveria ser, porque a Morte é muito provavelmente a melhor invenção da Vida. É o agente de mudança da vida. Ela tira o que é velho do caminho para dar espaço ao novo”. E dirigindo-se aos jovens: “Seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo  a vida de outra pessoa…. Não deixe o ruído da opinião alheia sufocar sua voz interior…tenha coragem de seguir seu coração e sua intuição”…tudo o mais é secundário”. E termina; “Stay Hungry, Stay Foolish”, “continue faminto, continue ingênuo”, ou seja, nunca desista, acredite sempre.

(Extraído de http://ironispuldaro.com.br/site/tecnologia-e-sabedoria/)

terça-feira, 25 de outubro de 2011

ACLA/MG comemora 2º aniversário

Com solenidade marcada pelo lançamento de livros, homenagens ao saudoso Patrono Samuel Brandão e a benfeitores, além da posse de novos acadêmicos, a ACLA-MG (Academia de Ciências, Letras e Artes de Minas Gerais), com sede em Manhuaçu, comemorou dois anos de existência, no último dia 22/10. 
Realizada no salão de convenções do Rotary Club, a solenidade contou com expressiva participação de convidados. Entre os presentes, o Presidente Fundador da ACLA/MG, Fabrício Santos; Presidente da Academia Brasileira de Teologia e Grão Mestre da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Independência do Brasil, Dr. Roberto dos Santos (Brasília/DF); Presidente da Casa da Amizade de Manhuaçu, Drª. Ângela Maria Lima; o representante do Rotary Club de Manhuaçu, Dr. José Maria de Andrade Abreu, e a representante da Academia Manhuaçuense de Letras, Drª. Beatriz Zappalá Pimentel.
O Hino Nacional foi executado pelo representante da Banda de Música do 11º BPM, Sub-Tenente Windston Fernando Soares Oliveira, homenageado com troféu de Honra ao mérito “Patrono Samuel Campos Brandão” pelo 45º aniversário da Banda de Música do batalhão.
A academia compõe-se de 40 membros efetivos e perpétuos, sendo composta do quadro de membros Honorários, membros Correspondentes, membros Beneméritos, Delegados Regionais, Amigos da Academia e Seção Juvenil. Tomaram posse nesta solenidade os membros efetivos: Drª. Janaine Amaral de Paula, Carlos Alberto Nunes Silva, Viviane Moraes Freire, Ramon Espechit Romeiro, Michel Carlos da Silva, Regina Célia de Aquino Xavier e Thiago Bezerra da Silva. Em seguida, os novos acadêmicos honorários foram empossados, recebendo a medalha de Honra ao Mérito.
Depois da posse dos novos acadêmicos, foi entregue o diploma de Delegado Regional da ACLA/MG, em Brasília, ao Dr. Roberto dos Santos, que fez seu discurso parabenizando a academia por seu aniversário.
Dr. Roberto dos Santos homenageou várias personalidades, dentre elas, Fabrício Santos, com o título de “Barão da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Independência do Brasil”, concessão do grau honorífico de “Grão – Cruz”, indicação para ser Juiz Arbitral do Tribunal Arbitral e Mediação dos Estados Brasileiros, e o Título de Doutor Honoris Causa em Letras pela Ordem do Mérito Educacional – Faculdade de Teologia Sepher Eloah – reconhecimento este procedido por Dr. Wagner Alves (Reitor da FATESE). 
Também homenageadas com títulos da instituição, as acadêmicas Beatriz Zappalá Pimentel, Drª. Ângela Maria Lima, Marilza Alvarenga Teixeira Santos e Rayta de Castro, com o grau honorífico de “Dama”. O Prefeito Adejair Barros e o Presidente da Câmara Municipal, Renato César Von Randow, recebendo títulos no grau honorífico de “Comendador”, pela Comissão Nacional de Defesa dos Direitos Humanos e Academia Brasileira de Teologia de Brasília.
No encerramento da solenidade, Fabrício Santos mencionou a satisfação de ter conseguido realizar este sonho cultural em Manhuaçu, inclusive com representatividade na Europa.
O público presente assistiu entrevista com o saudoso Samuel Campos Brandão, produzida por Thomaz Júnior (Tribuna do Leste) e por Dr. Fábio Araújo de Sá, em 2008. Em seguida, foi concedida homenagem especial ao acadêmico Thomaz Júnior, com o Troféu de Honra ao Mérito da ACLA/MG.
A Seção Juvenil da ACLA/MG foi representada pela vencedora dos concursos de beleza mirim, Giullia Hott, que também recebeu o Troféu de Honra ao Mérito, juntamente com as demais candidatas do Concurso Miss Manhuaçu Regional Infanto-Juvenil. Também homenageados, o Programa do Conde (Rádio Manhuaçu AM); Acadêmico Alexander Machado, e a Acadêmica Vera Maria Costa, que, naquela noite lançou o livro “Entre a Terra e o Céu”.
Outro lançamento ocorrido na solenidade foi a obra “Quando o Amor é o Bastante”, do Escritor Dr. Roberto dos Santos.
Um delicioso jantar foi servido ao som de músicas da MPB com o cantor Célio Ramos, onde todos os presentes puderam se confraternizar e adquirir os livros autografados pelos escritores presentes.
(Thomaz Júnior)

LEGENDA:

Acompanhado da esposa Renata e do filho Marcos, Thomaz Júnior, ao centro, foi um dos homenageados com o Troféu Cultural “Saulo Brandão”. À esq.; o Presidente da ACLA, Fabrício Santos, e, à dir., o Presidente da Academia Brasileira de Teologia, Dr. Roberto dos Santos.



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Projeto que institui Dia Municipal da Juventude é aprovado pela Câmara Manhuaçu

Aprovado na Câmara de Vereadores o Projeto de Lei nº 095/2011 que “institui o Dia Municipal da Juventude em Manhuaçu e dá outras providências”. A apresentação deste Projeto foi uma solicitação feita pelo COMJUVE (Conselho Municipal da Juventude) à Presidência da Casa Legislativa. 

A partir da aprovação e sanção da Lei, Manhuaçu comemora oficialmente no último domingo de Setembro esta importante data, coincidindo com a Semana Nacional da Juventude (que é também a última semana de Setembro). Na Casa Legislativa, o Projeto teve autoria de Renato Cezar Von Randow.










quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência na Câmara de Manhuaçu

Em celebração ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21 de setembro), na sessão legislativa desta terça-feira, 19/09, da Câmara Municipal de Manhuaçu, o Presidente Renato Cezar Von Randow (Renato da Banca) convidou alunos da APAE/Manhuaçu para participarem da reunião, quando, um destaque especial foi dado para o tema e sua importância para a sociedade.

A acessibilidade permite que todos os indivíduos se desenvolvam como pessoas e que todos tenham acesso às oportunidades existentes, seja na cultura, nos mais diversos espaços, nos edifícios, em suas comunicações diárias, nos mais diferentes serviços, na possibilidade de um emprego digno, e, enfim, na participação cívica. Deste modo, esta Casa Legislativa demonstra-se atenta, presente e com espírito atuante, buscando resolver desafios existentes em nossa cidade, para que todos tenham bem-estar e qualidade de vida”, pontuou Renato.

Representando professores e alunos da APAE presentes, a Fisioterapeuta Aline Taveira Mayrink, funcionária da instituição, ressaltou a especial data e as ações constantes direcionadas à acessibilidade, e sua importância para a inclusão social.

Texto e fotos: Thomaz Júnior / Assessor de Comunicação da Câmara M. de Manhuaçu






terça-feira, 20 de setembro de 2011

Construção das casas populares tem data para começar em Manhuaçu

 Convocado pela presidência da Câmara, Gerente da Caixa fala da retomada do programa habitacional

 A Câmara Municipal de Manhuaçu esteve reunida na manhã desta terça-feira, 19/09, quando recebeu membros da gerência da Caixa Econômica Federal para um levantamento da situação do Programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, além da votação e aprovação de diversos Projetos de Lei. Houve presença de populares, autoridades e representantes de diversos segmentos, e, ainda no mesmo dia, os vereadores realizaram sessão extraordinária para a votação das contas referentes ao exercício de 2009.

Na abertura das atividades, durante oração, os vereadores solicitaram Minuto de Silêncio em respeito à memória de Swian Zanoni, prestigiado piloto de motocross da cidade de Divino, falecido após acidente em Orizânia, e à Ex-diretora do SAAE/ Manhuaçu, Engenheira Elizabeth Espechidt.

Participaram da sessão legislativa, o Prefeito Adejair Barros, Coordenadora Municipal de Defesa Civil, Maria Tereza Nacif (Vininha Nacif); Gerente Geral da Caixa Econômica Federal/ Agência Manhuaçu, Lusio Francisco Marçal Coelho, e Gerente Empresarial Eder Roberto Veríssimo; Secretária M. de Trabalho e Desenvolvimento Social, Beatriz Prata; Assistente Social Adriana Salazar, Diretor M. de Cultura Fabrício Santos e a Fisioterapeuta da APAE, Aline Mayrinck.

 

Minha Casa, Minha Vida

 A iniciativa tomada pelo Presidente Renato Cezar Von Randow (Renato da banca), em convidar a gerência da Caixa para esta reunião, trouxe importantes esclarecimentos para a comunidade manhuaçuense.

Isto porque, desde que houve o anúncio da implantação do programa habitacional e o cadastramento das famílias interessadas, gerou-se grande expectativa na cidade. A necessidade de sair do aluguel e a possibilidade de aplicar o dinheiro na própria casa tornaram o “Minha Casa, Minha Vida” uma atraente e viável alternativa, considerando que na faixa de atendimento inicialmente proposta, famílias com renda de até três salários mínimos poderiam ser inscritas, pagando em média, por mês R$ 75,00, após a residência construída.

A questão é que, após esta etapa de cadastramento, o programa ficou paralisado. Não houve o início das construções e nem explicação plausível para a população, gerando questionamentos diversos e descrença no trabalho realizado até aquela fase.

Este cenário motivou a Presidência da Casa Legislativa a convocar esta reunião. “Como já se passaram dois anos, e, não houve empresas interessadas na construção das casas populares, nós convidamos a gerência da Caixa para estas explicações. Tivemos a palavra do senhor Lusio de que, no máximo, entre 90 e 180 dias, a construção destas casas começará, haja vista a contratação de uma nova empresa para que a execução destas moradias. Hoje temos empresas em Manhuaçu, com ISO 9000, devidamente capacitadas para atender os requisitos exigidos pelo Governo para concorrer na Licitação para construir estas casas. Em contato com o Prefeito Adejair, o mesmo se prontificou a renovar a Lei para doação deste terreno”, comentou.

O novo gerente, Lusio Francisco Marçal, esclareceu aos vereadores e público o porquê da paralisação das atividades do Programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. “No início, foi selecionada uma empresa, e, passado algum tempo, a mesma desistiu. Em dezembro de 2010, abriu-se uma nova consulta, quando, outra empresa ganhou, mas também não apresentou toda a documentação. Somente em julho deste ano, conseguimos selecionar a empresa Alcance, que é conhecida da Caixa, por seus trabalhos, em Teófilo Otoni, em empreendimentos deste porte. Como se trata da aplicação de recursos do Governo Federal, com várias exigências, demora-se um tempo para se concretizar. Pedimos paciência e que o pessoal acredite, porque isto está acontecendo no país inteiro e faremos acontecer aqui também. Acredito que dentro de seis meses poderemos dar início a estas obras em Manhuaçu”, anunciou.

A Assistente Social, Adriana Salazar, uma das integrantes da comissão de cadastramento das famílias, comentou sobre a continuidade deste trabalho. “No momento, não é preciso que as famílias cadastradas se desloquem, nem para a Defesa Civil, nem para a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social. As inscrições foram feitas, as fichas estão prontas, então, não há necessidade que as pessoas nos procurem”, esclareceu.

A Secretária M. de Trabalho e Desenvolvimento Social, Dra. Beatriz Lourenço Prata, avaliou positivamente esta iniciativa da Casa Legislativa. “Parabenizamos a Câmara de Vereadores por ter captado o desejo da nossa comunidade de ter uma resposta oficial, a respeito desta delonga. De repente, pareceu que tudo caiu no esquecimento. A sensação do nosso povo era esta. Será que em Manhuaçu não haverá mais este programa? Fomos esquecidos ou excluídos? Notadamente, este pensamento ocorreu em virtude do depoimento vindo de outros municípios que já possuem unidades construídas. O programa habitacional ao qual nós inscrevemos as famílias correspondia à população de renda inferior. Então, o que aconteceu hoje nesta reunião foi muito importante. Nossa população precisava desta resposta”, afirmou.

O Vice-presidente, Vereador Jorge Augusto Pereira (Jorge do Ibéria), também integrante da comissão, ressaltou que a partir destes esclarecimentos estabelece-se maior tranquilidade, em razão da resposta dada à comunidade sobre o início efetivo das obras, cumprindo o compromisso assumido com estas famílias.

O Prefeito Adejair Barros comentou em plenário que tomará as medidas necessárias em relação à execução do Programa habitacional em Manhuaçu, enviando o mais rápido possível um novo Projeto de Lei à Casa Legislativa, concedendo novamente a área anteriormente cedida pelo município para construção destes lares.

(Texto e fotos: Thomaz Júnior / Assessoria de Comunicação da Câmara M. de Manhuaçu)





quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Capacitação esclarece uso da Nota Fiscal eletrônica

 Esclarecedora palestra abordando o uso da Nota Fiscal eletrônica foi realizada em Manhuaçu, nesta terça-feira, 09/08.  Com expressiva presença de contadores, estudantes e profissionais, a iniciativa tomada pela Ascon (Associação dos Contabilistas da região Leste de Minas) e ACIAM (Associação Comercial, Industrial e de Agronegócios de Manhuaçu), em parceria com a Secretaria Estadual de Fazenda, lotou o plenário da Câmara Municipal. Entre os participantes, a Chefe da AF/Manhuaçu (Administração Fazendária), Vera Lúcia da Cruz; Delegado Fiscal, Marcelo Moraes Neves da Rocha; Vice-presidente da Federaminas, André Farrath Jaegger, e o Presidente da Ascon, Daniel Gerhard Batista. A palestra foi ministrada pela Fiscal de Tributos da Secretaria de Estado da Fazenda em Ipatinga, Cristiana Miranda Ribeiro de Almeida.

O presidente da ASCON e Conselheiro Estadual do CRC-MG, Daniel Gerhard Batista, mencionou o empenho da Associação dos Contabilistas para que haja uma sintonia cada vez maior entre o meio empresarial e a Secretaria de Fazenda. “O uso da Nota Fiscal eletrônica tem gerado muitas dúvidas. Neste contexto, o Estado está tentando trazer esta qualificação para as pessoas para que este conhecimento possa fluir melhor para todos os contribuintes. A ASCON, com toda a sua diretoria, e a ACIAM vêm buscando junto à Secretaria de Estado da Fazenda a realização desta palestra há algum tempo, e conseguimos agora. Estamos em negociação para trazer novos cursos, aproximando cada vez mais a Secretaria da Fazenda e os empresários, de modo que eles possam oferecer mais instruções e orientações antes de qualquer tipo de autuação, porque, não só o empresário, com também o contabilista, às vezes, não têm tempo de observar tanta mudança na Legislação. Então, nossa proposta é a de qualificar tanto os contabilistas quanto os empresários e o seu quadro de funcionários, para que cometamos menos erros e acertemos cada vez mais a Legislação”, comentou.

O Vice-presidente da Federaminas, André Farrath Jaegger, solicitou urgência na Reforma Tributária. “Comentei sobre a complexidade da Legislação, haja vista que a Presidenta da República anunciou a desoneração da folha de pagamento como medida para as empresas, mas precisamos ver isto com muita cautela, inclusive, a ACIAM, que hoje é uma defensora do empresariado, analisa isto com muita atenção. A tributação é muito alta no Brasil. E, neste contexto, a ACIAM e a ASCON estão fazendo um manifesto aqui e encaminhando-o para o Governo, pedindo urgência na Reforma Tributária, urgência nesta melhora de Legislação. São muitas medidas provisórias, muitas instruções normativas. Assim, contadores e advogados têm que tomar muito cuidado no momento de tomar decisões. Quando aparece um treinamento, um fórum, como este aqui, reunindo representantes da Secretaria da Fazenda, contadores, empresários e órgãos de classe, aproveitamos para discutir estas questões e fazer nossas solicitações”, explicou.

A Chefe da AF/Manhuaçu, Vera Lúcia da Cruz, enfatizou que “o objetivo é, junto com a Delegacia Fiscal, transmitir algumas informações sobre a Nota Fiscal eletrônica. A partir de algum tempo, vários contribuintes estão obrigados a emitir este tipo de nota fiscal, e, no decorrer dos próximos anos, todos os contribuintes serão obrigados. Então, existe a necessidade de nivelar o conhecimento de todos para que possamos prestar um bom serviço e para que a população tenha um documento fiscal comprobatório das suas operações”, esclareceu.

 (Thomaz Júnior)

 











 

domingo, 26 de junho de 2011

Meeiros de Café: Mineração e Escravatura (VII)

Eng Agr Ruy Gripp


Continuando com ‘Meeiros de Café’, de Vivaldo Barbosa, no histórico do café do entorno da "Serra do Caparaó", temos do Capítulo Dois, página 41 em diante:

"Nos anos Oitocentos, o café vai mudar todo esse panorama. O Brasil passa a ser o café. O café era Vale; o Vale o escravo. 

O Rio vai encarar o café com mais importância. Organizam-se viveiros de sementes e mudas, e são realizadas experiências na grande baixada do litoral, Mendanha, São Gonçalo, Magé, Itaboraí, Maricá.

Tropa e tropeiros sobem as serras e levam mudas para outro lado, Barra Mansa, Piraí, Pati de Alferes, Vassouras e Resende. Ai, o café encontra melhor hábitat até então experimentado, o vale do Paraíba região de tríplice fronteira, de tríplice domínio entre Rio de Janeiro, Minas e São Paulo. Os engenhos de açúcar e as pastagens de criação de gado vão dar lugar à lavoura de café. 

Os mineiros já não acham ouro, abandonam a mineração, descem na direção do Paraíba e, à margem esquerda, plantam café. Trazem consigo o capital auferido nas minas, necessário para implantar e sustentar a lavoura de café. 

Em 1810, Resende, que se tornara Vila em 1801, já constitui grande centro irradiador de café para todo o vale e em direção a São Paulo. O café já firma presença sensível na economia fluminense. Para tanto, os Índios coroados, que defendiam valentemente seus antigos domínios e viviam perturbando a chegada do co na região, foram enfrentados e afinal confinados em uma aldeia. Seus rivais puris eram mais dóceis assimiláveis. Foram mais facilmente miscigenados.

No lado de São Paulo, o Vale foi também recebendo café. Em Guaratinguetá, o café foi plantado em 1802, registrando sua primeira colheita em 1806. 

Anteriormente, nas últimas décadas do século anterior, essa região estava fortemente voltada para os engenhos de cana-de-açúcar, gradativamente substituídos pelas lavouras de café. 

Já em 1825, o café constitui a principal produção da região. Estimula o plantio a sua proximidade do porto de Parati. Era só varar e descer a serra. No lombo de burros. 

Em 1830, o panorama apresentava-se inteiramente diferente: o café alcança posição dominadora na agricultura, na economia. A essa altura, em toda a baixada de Angra a Cabo Frio, especialmente em seus morros, cultiva-se café, como complementar ao engenho de açúcar e à aguardente. Somente a baixada campista resiste em sua vocação açucareira. São Gonçalo é o grande centro irradiador para o lado norte da baixada litorânea, P. 42. 

Já naquela época, o café alcança os grandes e belos vales afluentes à margem esquerda do Paraíba, os vale do Pomba, do Muriaé, do Carangola. 

Mercadante situa na década de 1830 o estabelecimento das primeiras fazendas nessas áreas, e sua chegada a Carangola, na década de 1850. Cantagalo, agora com suiços e alemães, toma-se o grande pólo irradiador do café para a região fluminense mais ao norte, para Minas e para a Serra do Caparaó. 

O panorama físico, econômico e social da região montanhosa e do Vale do Paraíba apresenta-se bem outro. As matas dão lugar às lavouras; e as grandes árvores, aos arbustos de café. O Rio de Janeiro rompe definitivamente seu destino de guardião da costa e volta- se para as entranhas de suas montanhas e para os vales de seus rios. 

Pelos meados do século, o hábito de tomar café no país era amplamente difundido; americanos e europeus já o consumiam em larga escala. 

O Vale do Paraíba representava o berço de sua grande produção. Daí cunhou-se a expressão: "O Brasil é o Vale". Ou melhor dizendo, "O Brasil é o café. O café e o Vale" Mas o Vale é o escravo", insiste Ricardo Sales. 

A década de 1850 representa a idade de ouro da produção de café no Vale. Na segunda metade do século, o café vai vicejar ainda melhor no Centro e Oeste de São Paulo e, nas últimas décadas, encontra outro importante hábitat: a Serra do Caparaó.

O Vale do Paraíba desempenhou especial papel histórico para o Brasil. Diante da decadência da mineração, propiciou ao país novo direcionamento em sua economia. O Brasil sai da crise do setor de mineração e retoma a prosperidade com o café no vale. Absorve a mão de obra que não encontrava mais trabalho nas minas. Não há dúvidas de que o Vale figurou como um dos suportes da economia da nova nação que surgia com a recente independência.

Paralelamente, desenha-se nova classe social, com estratos superiores e médios - o fazendeiro do café e, o nível mais alto, o baronato do café. 

Surgem os barões nas grandes fazendas do Vale, magnatas do café, senhores das terras e de escravos que formavam o espectro da classe dominante no país. 

Consolidou-se uma classe senhorial escravista, que participou da construção do Estado nacional, estendeu-se por todo o território do país e para quase todos os estratos sociais e diferentes ramos de atividade. A base residia nas grandes propriedades rurais, especialmente no Rio de Janeiro, a partir da Baixada Litorânea e Fluminense, até a região serrana e o vale. Tratava-se de um processo sustentado comercial e financeiramente pela praça do Rio, através dos grandes comerciantes, capitalistas que tinham seus grandes clientes nos senhores de escravos, proprietários das grandes fazendas. 

Enraizavam-se nos organismos do Estado, ocupavam espaços públicos, representavam a base do Partido Conservador, os Saquaremas. Tudo gente que vinha das minas, de Portugal, das ilhas e de outros pontos do país. Uma classe social que dominou a cena política da nova nação, um dos sustentáculos do novo país.

Observou-se que a fazenda de café do vale do Paraíba constituía uma unidade de produção e um estilo de vida.

O país alcançou grandes índices de produção e pode exportar grandes quantidades, gerando divisas e colocando-se no cenário do comércio internacional.

Na Guerra do Paraguai (1865), muitos escravos foram mobilizados para as necessidades da guerra. Os escravos da nação e da Coroa foram libertos para participar da luta, e prêmios oferecidos a quem oferecesse escravos libertos para a Guerra, que contou com a presença massiva de negros. Tal participação impressionou muitos observadores estrangeiros. 

A instabilidade era grande, a insegurança maior ainda; fugas, rebeliões de escravos em todo canto. Desde a década de 30 e 40, ocorriam muitas manifestações de rebeldia, o que levava ao temor de insurreição geral. Na década de 60 e em anos anteriores, ocorreram, atos de violência, assassinatos e formação de quilombos. Em 1865, registraram-se manifestações abolicionistas, primeiramente por parte dos estudantes”.


Publicado no Jornal Tribuna do Leste, em 26 de junho de 2011, p. 29.



domingo, 19 de junho de 2011

Meeiros de Café: Em busca do Café (VI)

Eng Agr Ruy Gripp


Continuando com "Medeiros de Café', de Vivaldo Barbosa, obra que retrata a história da colonização desta parte do Brasil entre MG/ES, que engrandece o autor e nossa região cafeeira do entorno da Serra do Caparaó, temos do Capítulo UM, página 31 em diante: 

Assim, os puris viveram tranquilos no Caparaó por mais tempo. Até que, pelo início dos anos Oitocentos, começou a chegar gente, proveniente das minas que por lá já se esgotavam. 

Anteriormente, algumas pessoas procuraram subir o Rio Doce, entrar pelo Manhuaçu e seus afluentes, especialmente pelo Rio José Pedro. 

Vinham à procura de minas de ouro, mas nada acharam. Apenas algumas atividades de faiscação que não rendiam a ponto de gerar algo permanente. 

O bandeirante José Pedro subiu o rio que leva o seu nome, até a altura de Santana, hoje Pequiá, e ali deixou inscrito numa grossa árvore: "Até aqui chegou José Pedro”. 

Muitos vinham e voltavam, certamente deixando descendentes nas barrigas das índias. Outros ficaram, ou porque se enamoraram perdidamente das índias ou para cultivar uma terra melhor, ou tão-somente para desfrutar dessas paisagens tão bonitas e dessas águas tão cristalinas que descem lá do alto da Serra do Caparaó, P 31.


As primeiras penetrações permanentes: Do lado oeste, da região das minas, em 1841 partiram alguns exploradores do comércio de poaia, vindos de Viçosa, segundo Mercadante. 

Em 1.848, trazendo famílias e gado, vieram três aventureiros para permanecer no lugar. Um deles, João Caetano do Nascimento, abriu a mata, iniciou o plantio e atraiu parentes e amigos. Iniciou um povoado, que seria em breve a paróquia de São João de Caratinga.

Em 1.843, a Abre Campo e Manhuaçu, chega ‘Dutrão’. Figura tão própria e característica, falaremos dele mais adiante. 

Em 1856, o Pe. João Mendes Medeiros obtém a sesmaria de Vargem Alegre, às margens do Rio Piranga. Constroi uma capela, atrai pessoas. A sesmaria logo cresce, em virtude de sua posição estratégica; em 1857, já é Vila, em 1863, instala a Câmara e emancipa de Mariana, como Ponte Nova. 

Aberto o vale do Rio Doce para exploração, gente começou a subir o rio - embora este seja não navegåvel em muitos pontos, o que dificulta sua função de escoador da produção - e seus afluentes, como o Manhuaçu, e em especial afluente deste último, o no José Pedro, que dá na Serra do Caparaó. 

As águas da Serra do Caparaó descem desabaladas por sobre as pedras do Rio José Pedro e de seus afluentes, o no Claro e o rio Braz, à procura de um no. E o acham no Rio Doce. Rio Doce? Todos os rios o são. A mata foi sendo derrubada, áreas abertas, fazendas estabelecidas.

Foi construída a Fazenda Velha, dos Almeida, a primeira da região, às margens do Rio José Pedro, junto de Santana, hoje Pequiá. 

Pelo lado do Espírito Santo, igualmente vem vindo gente. São dignas de nota a Fazenda da Providência, para a qual vieram os Vieira, e a Fazenda dos Nunes, que veio a ser de Joaquim de Souza Vieira, ambas já demolidas, além da Fazenda do Fama, construção especial para a época, ainda hoje de pé. Foi construída por Leocádio, que ali chegou vindo do interior do Espírito Santo.

Pelo sul, através de Carangola, veio gente do Vale do Paraíba e da região de Friburgo e Cantagalo. Vieram os Sanglard, os alemães para Jequitibá, a partir dos Eller; os Vieira para Santana; famílias da colônia suiça; e, mais tarde, os Frossard. Estes últimos, inicialmente para Carangola/ Divino, depois para cá. 

A história da vinda dessas famílias e da ocupação da área será relatada na segunda parte do livro. 


Em Busca do Café (P.37) 


“O que motivava a penetração das pessoas nessas áreas anteriormente proibidas era o cultivo do café. O café é cultura permanente, contínua; uma colheita por ano, após quatro anos de plantio, cada lavoura dura pelo menos vinte anos. Exige a fixidez do homem na terra. O café exigia que as pessoas viessem para ficar. 

De outro lado, as demais regiões do país não eram e não são apropriadas para o café. O Sul não o é, em razão do frio excessivo que mata o pé de café com geadas.

A região de mineração também não seria própria. Aliás, esta última região somente se presta mesmo a essa atividade. Primeiro, o ouro. Agora, o ferro. O cerrado, com seis meses de seca, igualmente não seria adequado. O Nordeste era apropriado para a cana-de-açúcar, assim como a baixada campista. Nem a região amazônica seria conveniente.

O Vale do Paraíba; o Sul de Minas; o centro e oeste de São Paulo; a Zona restrita ou Proibida, a Zona da Mata, bem com a Serra Caparaó e adjacências, é que seriam, de fato, bem apropriados para o cultivo do café. 

O clima ameno, terras frescas e virgens, matas para serem derrubadas. Mais tarde, o Vale do Paraíba veio demonstrar que, comparativamente, não era tão propício ao cultivo do café quanto às áreas mais altas da Serra do Caparaó e da Mata. 

O Vale do Paraíba representou o centro de produção e de erradicação do café. Ali, no final dos anos Setecentos, a partir de 1790, já aparece o café, que atinge sua expansão máxima aproximadamente entre 1850 e 1880, quando entra em decadência. 

No século XIX, proclamava-se que o Brasil era o café, e o café era o vale. E o vale era o escravo, acrescentou Ricardo Sales, P. 37. 

Embora a exploração do café no Vale do Paraíba tenha alcançado extraordinário êxito, contribuindo para engrenar o país em uma atividade econômica altamente rentável, e salvando por conseguinte a economia nacional - em declínio, em virtude da queda da mineração -, os solos do Vale do Paraíba não eram os mais propícios para a agricultura em geral.

Eram terras arenosas e argilosas, que produziam cafezais florescentes; porém, sua fertilidade era efêmera. As matas tinham pouca matéria orgânica, que se esvaia nas terras porosas e era levada pelas águas, em vez de ficar retida no solo.

Segundo Orlando Valverde, a Serra do Caparaó tem montanhas mais elevadas, que permitem o cultivo entre 800-900 m. e 1.200 m de altitude, o ponto ideal para a produção de café. 

Como o café é originário dos planaltos tropicais elevados da Abissínia, aqui encontrou seu melhor habitat. A região está situada entre os paralelos 20º.15” de latitude sul. Tais situações de latitude e altitude explicam a ausência de geada.

Ademais, as terras estavam abundantes e sem dono. Atrativo sem igual, P. 40.

Nos anos Setecentos, o país - Brasil e Portugal - foi tomado pela febre do Ouro. Toda essa região do Leste viveu em função da mineração - O Rio de Janeiro e o Espírito Santo situam-se na sua costa. 

De Angra dos Reis a Campos e Vitória, vivia-se em torno do engenho de açúcar, da aguardente e de outras poucas coisas. 

A missão da gente do Rio e do Espírito Santo era proteger a costa brasileira contra os invasores. O Rio servia, ainda, de escoadouro do ouro das Minas para Portugal. 

A partir das montanhas, havia um grande vazio que cobria todo o vale do Paraíba e a região montanhosa. 

Às margens tanto do Caminho Velho quanto do Caminho Novo, apenas aldeotas em Barra Mansa, Paraíba do Sul e outras”. 


Publicado no Jornal Tribuna do Leste, em 19 de junho de 2011, P. 27.


Veja também: Autor de Manhumirim lança livro Meeiros de Café em Nova Friburgo | Thomaz Júnior Comunicação (blogdothomazjr.blogspot.com)







domingo, 12 de junho de 2011

Meeiros de Café: A abertura pelo Espírito Santo (V)

Continuando com ‘Meeiros de Café’, de Vivaldo Barbosa, obra que retrata a história da colonização desta parte do Brasil entre MG/ ES, que engrandece o autor e nossa região cafeeira do entorno da "Serra do Caparaó", temos do Capítulo UM, página 27 em diante: 

"Com a queda na produção das minas, não mais era necessário temer o contrabando, pois pouco ouro sobrava, nem mais sentido havia em temer franceses ou holandeses. Já não era lógico proibir o descaminho do que pouco existia. As Áreas Proibidas não mais faziam sentido. 

A tradição popular da região registra a presença de alguns brancos já na última década dos anos Setecentos. Seriam familiares dos inconfidentes, os quais, temerosos do que lhes poderia acontecer, embrenharam-se pelas matas e se acomodaram nessa região desabitada e longínqua da Serra do Caparaó. Um destes, da família Teixeira, radicada na antiga Cachoeirinha, hoje Irupi, Espirito Santo, casou-se com a filha de Nominato Fidelis, residente nas cercanias de Pequiá. 

De acordo com informação transmitida por antepassados dos Teixeira, a família era parente direta de Tiradentes. 

Já em 1807, o governador de Minas estabelece um quartel perto do Peçanha, às margens do Suaçuí, afluente do Rio Doce. Mercadante destaca, ainda, que nesta época o Rio Jequitinhonha recebe canoas com algodão das Minas Novas em direção ao litoral. 

A fim de encurtar o caminho, foi aberta uma estrada para trazer gado da Província de Minas para Campos, através do Rio Pomba, evitando a passagem pelo Rio de Janeiro, P. 28.

A Abertura pelo Espírito Santo - Reconhecendo-se o bom senso de que o escoamento das riquezas das minas e das regiões circunvizinhas seria mais bem conduzidas pelo Espírito Santo, e não pelo Rio, pela Bahia ou por São Paulo, foi realizada a maior tentativa de abrir as entranhas da Zona Proibida e de melhor revelar aos olhos do homem branco a Serra do Caparaó, a partir da abertura da estrada que viria de Vitória à Vila Rica. 

Até então, aos olhos dos portugueses, a missão do Espírito Santo consistia em defender a costa. Era proibido deslocar-se para o interior. Alvará de 1710 proíbe o Espírito Santo de abrir estradas em direção a Minas Gerais. O governo português alimentava dupla preocupação, determinante desta estratégia, como já referido.

De um lado, o contrabando do ouro diretamente de Vila Rica ao porto de Vitória, o mais curto caminho. De outro, a possibilidade de franceses, holandeses ou quaisquer outros entrarem por Vitória e atingirem Vila Rica, apossando-se das minas. Sem qualquer caminho, sem qualquer pessoa na área, ser-lhes-ia praticamente impossível penetrar na densa floresta e atravessar as elevadas montanhas para chegar à zona do ouro. Levaria tempo. Poderiam ser detidos.

Os historiadores registram o fato de que, por essa ocasião, a economia do Espírito Santo mostrava-se muito precária, muito pobre. Igual registro é feito por ilustres e famosos visitantes que percorreram o Brasil naquele período, como Weid e Saint Hilaire. 

A economia limitava-se a alguns engenhos de cana-de-açúcar e currais de criação de gado. Falava-se em pobreza e miséria de sua população. Era necessário explorar o interior, explorar o Rio Doce e abrir comunicação com Minas Gerais. 

A navegação do Rio Doce era proibida. O Alvará de 1733 reiterou: qualquer pessoa, sob qualquer pretexto, estava proibida de passar pelo rio Doce. 

Em 1769, o ouvidor do Espírito Santo prendeu um capitão de Bandeira que ignorara a ordem do Alvará, proibindo-o de ali voltar. Por ocasião da Independência, a economia do Espírito Santo apresentava-se atrofiada; o estado, despovoado, não tinha contato com as Minas.

Ao alvorecer do novo século, a metrópole dá sinais de mudança de orientação. 

Em 1800, o novo governador da Bahia, Silva Pontes, ao qual o Espírito Santo estava subordinado, chega com a missão de ‘abertura e navegação do rio Doce’. Nesse mesmo ano, faz a demarcação de divisas Minas Gerais. 

Com a presença da família real no Brasil, o Espírito Santo obtém sua autonomia (1811). A capitania do Espírito Santo havia ficado sob domínio dos descendentes do donatário Fernandes Tourinho, passando mais tarde ao patrimônio régio, ficando subordinado à Bahia.

Inaugurou-se uma era empreendedora com o novo governador, Francisco Alberto Rubin, nomeado em 1812, o qual realiza administração dinâmica e criativa. 

Em 1813, estabelece uma colônia de açorianos em Viana. 

Em 1814, Rubin concebia o plano da construção de uma estrada para ligar Viana a Vila Rica. 

D. João VI, por Alvará de 1815, permitiu a abertura da estrada, iniciada em seguida. O trabalho foi lento. As dificuldades eram imensas: pedras colossais, serras íngremes, ataques de índios que procuravam preservar seus domínios da invasão do branco. 

Abria-se a estrada e estabelecia-se um quartel ao longo de seu trecho, de três em três léguas. A obra veio vindo lentamente, penetrou na Serra do Caparaó, atravessou o rio Pardo e recebeu o nome de São João, em homenagem a D. João VI, mais tarde denominada de São João do Príncipe, em homenagem ao nascimento de Pedro II-, no início da subida da serra, para atingir o Pico da Bandeira. Ali foi fundado um quartel. Em Manhumirim, a estrada percorria a Serra dos Correia, o Ouro, rio Manhuaçu e Casca, passava pela Ponte Nova, e chegava a Vila Rica. 

Segundo relato de Basílio Carvalho Daemon, a estrada era prevista em 72 léguas, e foi incumbido de sua abertura o capitão do Corpo de Pedestres, Ignácio Pereira Duarte Carneiro. Os registros informam que, no ano de 1817, haviam sido abertas 10 léguas, de Vila do Viana até o Quartel de Ourém.

Registram os historiadores a passagem, na estrada, em 1820, da primeira bolada, procedente das pastagens de Minas Gerais. 

Caio Prado Jr. Observou Caio que o gado de Minas foi a principal razão para a construção da estrada. Em face da baixa população e da pobreza, havia falta de consumo para a grande quantidade de gado que chegava e o comércio não prosperou. A estrada foi abandonada. 

Em 1833, é reaberta pelo lado do Espírito Santo.

As margens dessa a estrada e dos rios que cortava, fazendas foram se estabelecendo, povoados criados, capelas erguidas. Por seu leito, foi chegando gente à Serra do Caparaó. E foi chegando também o café. 

O ilustre visitante e grande analista Maximiniano, príncipe de Wied Neuwied, conheceu o café na Fazenda Muribeca, em Cachoeiro do Itapemirim, em 1816.

Os habitantes originais - desde tempos imemoriais, os puris foram os povos que habitavam essa região do Caparaó. Certamente viveram ali com mais tranquilidade do que seus parentes tupis na costa do Espírito Santo ou na região das minas, onde a presença do branco europeu português veio a constituir enorme fator perturbador na vida daquelas comunidades indígenas. Com estas, os brancos se misturaram, se miscigenaram, dominando-as e submetendo-as. 

Os negros escravos foram também outra raça a ter contato com os índios, embora de maneira diferente. Mas igualmente se misturaram e se miscigenaram.

Nessa região, porém, tal processo levou mais tempo. Os puris foram poupados em algumas gerações. Ali era a Área Proibida. Por ali não era possível a ninguém se estabelecer, ter casa para morar, ou abrir área para trabalhar a terra. Nem por ali se podia passar. Pois era exatamente por ali, por sobre o Pirapetinga, que era possível traçar o caminho mais curto entre as minas de Vila Rica e o porto de Vitória, e de lá para Portugal, evitando o pagamento do quinto do ouro achado e garimpado”.


Publicado no Jornal Tribuna do Leste, em 12 de junho de 2011, p. 33.


Veja também: Autor de Manhumirim lança livro Meeiros de Café em Nova Friburgo | Thomaz Júnior Comunicação (blogdothomazjr.blogspot.com)




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