O mau humor esconde uma depressão não percebida e, portanto, não tratada. Tem como base um aprendizado de responder com irritação e tristeza à realidade quando ela não se apresenta da maneira que se gostaria.
A pessoa mal-humorada tem um baixo limiar de frustração. Ela gostaria que o mundo fosse como ela deseja, o que evidentemente não ocorre.
Todos nós temos precário controle sobre a realidade que, por ser muitas vezes vasta, não se adapta aos nossos desejos. A isso chamamos de problemas. E justamente pelo fato de a realidade ser maior que nossos desejos, não podemos levar a vida muito a sério.
Silvia Cardoso, uma neurocientista da Unicamp que estuda o riso e seus efeitos, afirma que "ser bem-humorado significa perceber que a maior parte das situações que vivemos não é nem muito importante, nem muito séria e nem muito grave. A sociedade não valoriza a alegria e dá muito valor à seriedade e à responsabilidade. Levamos tudo a ferro e fogo e transformamos as pequenas contrariedades em questões de vida ou morte’.
Somos muito rigorosos conosco, com as pessoas e com o mundo.
É claro que não é possível estarmos sempre de bom humor.
De vez em quando temos raiva, tristeza e ansiedade, mas não podemos transformar isso em um jeito de viver. A reclamação constante, a mania de olhar sempre o lado negativo das coisas, a autopiedade e relacionar-se com pessoas de baixo astral são alguns hábitos que reforçam nossa tendência ao mau humor.
Bom humor não significa alegria permanente. O que não podemos é permanecer muito tempo na irritação e transformar esse estado em uma maneira de viver, como faz a pessoa que sofre de mau humor.
Existem hábitos que favorecem o estado de alegria ou reforçam os estados de mau humor.
A reclamação sistemática, verbalizada ou pensada, a mania de olhar sempre o lado negativo das coisas, a autopiedade e frequentar lugares onde existem pessoas de baixo astral são alguns hábitos que reforçam nossa tendência à depressão.
Assim a pessoa mal-humorada, que sofre essa depressão, se sente infeliz com a vida e com as pessoas que fazem parte dela. A vida é para ser vivida com muita alegria e não para ser mantida.
A família, o trabalho e as relações com os amigos precisam ser usufruídos por nós e não ser conservados.
O autoconhecimento é uma ferramenta importante para melhorar nossa qualidade de vida. Muitas pessoas fazem um grande esforço para se conhecer e depois não se aceitam. É comum as pessoas abandonarem uma terapia ao tomar consciência de si próprias e de seus problemas.
Dormir um bom sono, se exercitar para a liberação de endorfinas, excluindo o tom competitivo, fazer orações, brincar, ouvir músicas relaxantes, dedicar-se a alguma arte são hábitos que nos predispõem a uma visão de vida menos estressante.
A alegria não é algo que vem de fora, mas faz parte da essência humana, e não é difícil transformar nosso comportamento mal-humorado em um bem-humorado. Basta aumentar nossa tolerância e aprender a rir das situações que fogem ao nosso controle.
Tudo tem seu lado engraçado. Levar a sério esse lado e treinar a gargalhada diante de nossa impotência são a base para uma vida mais saudável, descontraída e feliz.
Se não levarmos a vida tão a sério, seremos capazes de rir de nós mesmos, que é o máximo de bom humor.
Como somos imperfeitos, temos pontos positivos e negativos.
Para sermos felizes, temos de nos amar, nos aceitar como somos, incluindo evidentemente os defeitos, os sentimentos negativos, as imperfeições corporais, emocionais, intelectuais, financeiras, etc.
O bom humor, a alegria e o bem-estar consigo mesmo são pontos importantes para se ter uma vida social, familiar etc., bem mais serena.
Fonte: Antônio Roberto (Jornal Estado de Minas, 25/03/2012).
Foto: Unsplash
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