Logosofia: mente de pé


Nada é mais pernicioso para a mente do que a impaciência, proveniente, por sua vez, de uma modalidade negativa comum a quase todos os seres humanos: a pressa. Esta chegou a converter-se em uma deficiência psicológica. 

Tal deficiência é a que ocasionou e ocasiona não poucos desgostos a todos os que, afetados por ela, criam uma suscetibilidade que se ressente ante a menor contrariedade. 

Vemos, assim, com grande frequência, como o afã de fazer isto ou aquilo com a maior premência, querendo prescindir da ordem geral das coisas, promove inúmeras discussões que chegam às vezes a finais violentos. E tudo por quê? Porque o ânimo, exaltado pela deficiência assinalada, torna-se intolerante e irascível.

Voltando à impaciência, devemos advertir que esta tem frustrado milhões de bons propósitos, assim como grandes e pequenos projetos.

Tudo isso, porque a mente não sabe se colocar na medida do tempo, impedida pelas exigências prementes de um pensamento de pressa. Assim é como em seguida rompe, por ressentimento, o seu compromisso interno, malogrando projetos, como dissemos, e truncando propósitos. Deste modo, o que seria obtido pouco tempo depois, não se obtém nunca.

Por isso, quando o ser estiver investigando no conhecimento logosófico, faça como se o relógio não existisse, e não só para horas, mas também para os dias, os meses e em os anos, porque, se antes não os levou conta, que razão teria para que levá-los agora?

Efetivamente, se perderam tanto tempo, não é possível que pretendam me apressar para que os faça ser o que devem ser. Além disso, se me apressasse, não poderiam me seguir, pois eu andaria muito rápido, e no caminho mental não se pisa o solo; ali se deve manter erguido, sem cair, e para manter-se erguido é preciso aprender antes a estar em pé sem se cansar. 

Estar em pé mentalmente significa estar sempre atento, porque, quando a inércia invade a mente, sobrevém a prostração moral e espiritual, sendo necessária uma sacudida psicológica que movimente sua inteligência e sua sensibilidade, para que volte a levantar e a ficar em pé. 

Pois bem, todos, desde crianças, tiveram alguma aspiração, todos quiseram ser algo, mas o curioso é que a maioria não chega nunca a ser o que queria quando criança. Geralmente, se quer ser rei ou príncipe e se termina como um simples zelador. Quem compra um bilhete de loteria pensa no "primeiro prêmio", e, depois, se conforma com os últimos. 


(Livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, G. Pecotche)


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