domingo, 26 de fevereiro de 2017

Panaceias modernas


Dr. Dráuzio Varella

As mães podem ser divididas em duas grandes categorias: a das que acham que os filhos devem tomar vitamina B e a das que acham que eles devem tomar vitamina C.

Pertencem ao primeiro grupo, as genitoras de crianças enfastiadas, de adolescentes viciados em fast-food, em fase de convalescença, em época de vestibular ou que estejam mais magros do que elas gostariam. O sonho dessas senhoras é ver seus rebentos devorando pratos repletos de alimentos da qualidade que elas julgam ideal, porque acreditam que as vitaminas do complexo B são dotadas do poder de trazer saúde e de abrir o apetite do mais empedernido inapetente.
Já as que defendem com unhas e dentes o uso da vitamina C não são movidas pela intenção de engordar filhos, mas pelo desejo irrefreável de fortalecer-lhes a imunidade. Para elas, o primeiro espirro é indicação sumária de pelo menos 500 miligramas por dia desse santo remédio, capaz de transformar os glóbulos brancos de seus pimpolhos em verdadeiros homens-aranhas, destruidores implacáveis de vírus ou bactérias que ousem confrontá-los.
Filhos e netos dessas mulheres transmitirão suas crenças nos poderes mágicos das vitaminas a seus descendentes, perpetuando a crendice. A classe médica, por sua vez, colabora decisivamente para a manutenção desses mitos toda vez que prescreve vitamina C para alguém resfriado ou complexo B para “dores nevrálgicas”.
A consequência é visível em qualquer farmácia: prateleiras imensas, quando não lojas inteiras, abarrotadas pelas associações mais estapafúrdias que a imaginação humana é capaz de criar. São suplementos que contêm o abecedário vitamínico de A a Z, combinados com aminoácidos essenciais ou facultativos, a minerais como zinco, selênio, molibdênio e manganês, além de dezenas de fitoterápicos que atendem por nomes pomposos escritos em latim.
A oferta de preparações que contêm vitamina C, então, atende a todos os gostos: comprimidos que vão de 100 miligramas a um grama, das mais variadas colorações, dos sabores mais exóticos, efervescentes, mastigáveis, deglutíveis e, para atender aos mais radicais, até ampolas para injeção intravenosa.
Ciente dessa demanda do imaginário popular, a indústria investe em publicidade para ligar a imagem das vitaminas ao combate à fraqueza, às infecções, à impotência sexual e à manutenção do bom apetite e do bem-estar.
O caso da vitamina C é clássico: aproveitando-se da popularidade granjeada por Linus Pauling, ganhador dos Prêmios Nobel de Química e da Paz (mas que entendia de medicina tanto quanto eu de nanocircuitos), que apregoava a indicação de doses maciças para prevenir infecções e câncer, os grandes produtores da referida vitamina venderam durante anos em horário nobre o conceito falso de que ela teria eficácia no aumento da resistência a gripes e resfriados.
Nenhum dos estudos já publicados, envolvendo milhares de pacientes, conseguiu demonstrar qualquer atividade da vitamina C na prevenção ou tratamento de qualquer doença infecciosa.
Então vitamina C não tem serventia? Também não é assim, serve para tratar quem sofre de escorbuto. Se existissem comprimidos de vitamina C, os marinheiros de Cabral, Colombo e Vasco da Gama não teriam padecido desse mal.
Salvo o caso de crianças raquíticas e desnutridas, de alcoólatras inveterados e de pessoas idosas debilitadas que não conseguem ingerir frutas, verduras ou legumes, acrescentar vitaminas à dieta é desperdício. Para satisfazer suas exigências metabólicas, o organismo humano necessita de doses ínfimas desses micronutrientes; o excesso é filtrado pelos rins e excretado na urina. O vaso sanitário é o destino prosaico dos suplementos vitamínicos que você adquire nas boas casas do ramo.
Se as quantidades de vitaminas contidas nos comprimidos das farmácias fossem necessárias à sobrevivência de nossa espécie, você não estaria lendo, nem estas linhas existiriam, porque nossos antepassados que disputavam carcaças com hienas e abutres para alimentar a família na caverna teriam sido extintos.
O mercado mundial de suplementos vitamínicos movimenta bilhões de dólares anuais. Os compradores não são apenas as pessoas que os adquirem em lojas de produtos importados, mas principalmente gente humilde arregimentada pela propaganda veiculada nos programas populares de rádio e da TV, sem que nenhum órgão de defesa do consumidor proíba esse abuso imoral.

(Extraído de https://drauziovarella.com.br/drauzio/panaceias-modernas/)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Prefeito Valtinho reúne-se com Deputado Paulo Abi-Ackel



O Prefeito de Matipó, Valter Mageste de Ornelas, e o Secretário M. de Gestão e Planejamento, Euler Nunes de Carvalho, foram recebidos pelo Deputado Federal Paulo Abi-Ackel, em visita recente à capital mineira. Na oportunidade, Prefeito Valtinho reivindicou a viabilização de recursos para a realização de obras na cidade e nas comunidades rurais.
Também foi solicitado ao parlamentar auxílio nos esforços da nova Administração para a regularização do município junto ao SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal). A Prefeitura encontra-se inadimplente, em razão da situação irregular deixada pela Administração passada no convênio TC/PAC 0192/2009, firmado com a FUNASA para a construção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), com vigência entre 31/12/2009 a 29/04/2016 e valor na época de R$ 2.599.992,00, e, atualizado de R$ 3.543.095,69. Atualmente, o órgão do governo federal cobra do município a devolução deste dinheiro.
No decorrer da reunião, o Deputado Paulo Abi-Ackel manifestou sua intenção de ajudar a nova Administração nesta negociação junto à FUNASA, além de reiterar seu compromisso em trazer verdadeiras melhorias para o município, com novas obras e investimentos para o bem-estar da população, em todos os setores.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

FUNASA cobra devolução de R$ 3,5 milhões da Prefeitura de Matipó


Irregularidades em convênio com órgão, pela Administração passada, coloca o município inadimplente

A nova equipe administrativa da Prefeitura de Matipó foi surpreendida com a constatação de que o município encontra-se inadimplente junto ao SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), ficando negativado para a assinatura de novos convênios para obtenção de recursos para a realização de obras no município. Este bloqueio ocorre devido às falhas da Administração anterior em executar o convênio firmado com a FUNASA (Fundação Nacional de Saúde) para a construção do Sistema de Esgoto Sanitário (Estação elevatória e Estação de Tratamento de Esgoto), firmado no ano de 2009 (TC/PAC 0192/09), com vigência de 31/12/2009 a 29/04/2016, com valor de R$ 2.599.992,00. A obra era executada pela empresa MM Empreendimentos Ltda., com sede em Belo Horizonte.
Em 03 de Novembro de 2016, a FUNASA notificou o então prefeito, Fábio Gardingo, requerendo a devolução do valor total corrigido, R$ 3.543.095,69 (três milhões, quinhentos e quarenta e três mil, noventa e cinco reais e sessenta e nove centavos). De acordo com a Notificação (nº 243/2016), ‘o Parecer técnico final emitido pelo Engenheiro da Funasa, mensura em 97,42% a execução física do convênio, não sendo realizada a urbanização da Estação elevatória e da Estação de Tratamento de Esgotos, perfazendo um total de R$ 69.352,37. Contudo a obra não tem funcionalidade, e, portanto, não contempla a etapa útil, motivo pelo qual recomendamos a devolução integral dos recursos’.

Dificuldade no acesso aos documentos
Um intenso trabalho de organização vem sendo feito na Prefeitura, neste novo mandato, em razão das pilhas de documentos, que estavam misturados, referentes aos exercícios de diferentes anos, deixadas pela administração anterior. Em Janeiro, até um Decreto suspendendo o atendimento externo à população por quinze dias precisou ser publicado, para que os levantamentos pudessem ser feitos. Essa dificuldade no acesso aos documentos relacionados aos convênios celebrados pelo município foi mencionada também pela equipe responsável pela transição de governo, que nos últimos meses de 2016, compareceu várias vezes à prefeitura, mas, não teve acesso a todas as informações necessárias para o conhecimento da real situação das contas e das obras do município.
Diante deste cenário e da urgência de se reverter os efeitos desta notificação da FUNASA, evitando que o município fique com recursos bloqueados junto ao Governo Federal, o Prefeito Valter Mageste de Ornelas (Valtinho) esteve reunido neste final de semana com a Assessoria Jurídica, e, já nesta segunda-feira, 13, dirigiu-se à Belo Horizonte, com o propósito de reunir-se com representantes da FUNASA, buscando soluções, e, consequentemente, a devida regularização do município junto ao Governo Federal.
A Prefeitura expediu Ofício (nº 020/2017 – 26 de Janeiro de 2017) ao Ex-prefeito Fábio Gardingo, notificando-o a informar ‘onde se encontra a documentação concernente à execução do convênio, bem como disponibilize as informações e documentos relacionados com a execução da obra, ou que apresente as justificativas que entender cabíveis para a notificação da FUNASA’. Também foi solicitado à FUNASA o acesso a toda documentação referente ao convênio.
Em nota, a Prefeitura Municipal de Matipó esclarece que não há qualquer indício momentâneo, de desvio da verba, o que de fato existe, são graves problemas com a prestação de contas do convênio, ausência de documentos, apontamento junto ao SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal), o que com certeza vem gerando diversas dificuldades à atual administração.

Medidas urgentes
Por precaução e cautela, e, em razão da Lei de Reponsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000), se vê na obrigação de tomar duras medidas objetivando o equilíbrio econômico e financeiro, reduzindo as despesas com pessoal, fornecedores e prestadores de serviços, procurando manter o essencial, evitando assim, problemas futuros.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Comjuve: vídeo Campanha contra o álcool na direção 2011

Durante nossa atuação junto ao COMJUVE/ Manhuaçu (Conselho Municipal da Juventude), biênio 2010-2011, desenvolvemos um trabalho de conscientização com os jovens, alertando sobre os riscos de dirigir sob efeito de álcool. Uma das ações foi a gravação de vídeos institucionais para exibição em telões antes ou durante os shows musicais realizados na cidade.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

JK e a Índia


GESNER OLIVEIRA



Todo emergente é invejoso. É da natureza do emergente. É natural que outros países emergentes mirem com inveja o acordo nuclear entre Índia e Estados Unidos. Não pela substância do tratado, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso dos EUA e está sujeito a críticas de mérito. Mas pelo reconhecimento do peso da Índia na ordem mundial. Algo que os países latino-americanos -e o Brasil em particular- perderam em diferentes momentos do século passado. Daí a nostalgia de alguns emergentes. O Brasil apareceu para o mundo muito antes da Coréia, da China ou da Índia. O período de Juscelino Kubitschek ficou retido na memória nacional como uma fase de avanço em direção ao desenvolvimento em um regime democrático. Uma fase em que o refinamento e a explosão criativa da bossa-nova e de talentos do futebol como Pelé foram revelados para o mundo.
A era JK marcou um salto qualitativo no crescimento da indústria brasileira. Segmentos inteiros foram criados em material de transporte, mecânica e material elétrico sob a forma de substituição de importações. Tal processo acarretaria custos e ineficiências do ponto de vista estático. Porém, nas circunstâncias da época, seria difícil imaginar outra possibilidade de avanço da economia na mesma intensidade. Vários erros foram cometidos, em particular em relação ao descaso com a educação e a disciplina fiscal. O principal ativo representado pelo conhecimento continuou escasso e extremamente concentrado.
É curioso como o Brasil ignorou solenemente a experiência de outros países. Não se criou a tradição de estudo de casos nacionais. Nem mesmo a curiosidade intelectual de d. Pedro 2º e seu fascínio por outras culturas serviram de exemplo. A pequena elite com acesso à cultura tendeu sempre a mimetizar alguns poucos centros ocidentais e a menosprezar o resto do mundo. Chama a atenção em particular a demora em reconhecer a importância do espanhol e em observar o que ocorre na América Latina que não fala português.
Enquanto isso, o mundo mudou. Chegou a fase da economia de escala e de conhecimento em que a capacidade de geração de inovação é fundamental. Países que não geram e disseminam inovações não resistem na batalha da produtividade. Em tais circunstâncias, a Índia soube tirar proveito da criação de centros de excelência para pesquisa e desenvolvimento e a adoção de estímulos para empresas voltadas para o progresso técnico. Pode-se afirmar que a Índia lançou mão das três linguagens mais importantes da atualidade: do inglês para o mundo dos negócios, da tradição em matemática e da informática.
Recordo que ainda há menos de três anos a proposição de um acordo de natureza acadêmica com uma instituição indiana foi motivo de brincadeira entre profissionais de alto nível no Brasil. As experiências da Índia sempre foram vistas como algo exótico no país. Hoje, a mesma instituição indiana é cortejada por diversas universidades mundiais.
A Índia deu um salto e, em certo sentido, está mais adiantada do que a China. Ao contrário da China, não tem um enorme passivo autoritário a ser resolvido nas próximas décadas. Tanto a China como a Índia apresentam problemas graves de infra-estrutura. No caso da Índia, as deficiências são ainda maiores do que as do Brasil.
Inveja e nostalgia não levam a lugar nenhum. O Brasil atual precisa de uma mudança de atitude. Primeiro, é necessário mais arrojo e espírito empreendedor, como na era JK (depurada, naturalmente, da negligência com a disciplina fiscal). Segundo, precisa se inspirar na experiência asiática e promover um salto não apenas em capital físico, mas em capital humano. Chegou a hora de um plano de metas para a educação. Para realizar tais tarefas será preciso deixar os preconceitos (fruto da ignorância) e, com muita humildade, aprender com o resto do mundo.


Gesner Oliveira, 49, professor licenciado da FGV-EAESP, presidente do Instituto Tendências e ex-presidente do Cade. Atualmente, é professor visitante do Centro de Estudos Brasileiros na Universidade Columbia (EUA).
  (Publicado pelo Jornal Folha de São Paulo, edição 04 de Março de 2006, Caderno Dinheiro. Na internet, texto extraído do Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0403200603.htm).

Recuperandos da APAC Manhuaçu participam de curso de classificação de cafés especiais

Recuperandos da APAC Manhuaçu (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) participaram de um novo treinamento direcionado à área d...