quinta-feira, 2 de setembro de 2004

Alto Jequitibá: palestra sobre o cultivo da mamona

O cultivo da mamona (ricinus communis) foi tema de importante palestra realizada na noite desta terça-feira, 31/08, em Alto Jequitibá. Produtores, lideranças comunitárias e acadêmicos do curso de Administração com Habilitação na Gestão do Agronegócio da Facig (Faculdade de Ciências Gerenciais de Manhuaçu) acompanharam o concorrido encontro que teve como proposta a diversificação da agricultura local e o reforço da renda familiar rural. Ereni Emerick, representante do Sebrae/ Manhuaçu, também esteve presente.
A iniciativa tomada pela empresa “Prest-Ação Agro” em lançar o projeto “Mamona: Plante Esta Idéia”, no município de Alto Jequitibá, contou com o apoio do Sebrae e chamou a atenção do público.
Questões relevantes e as vantagens do cultivo da mamona foram mencionadas durante a palestra ministrada pelo Especialista Gustavo Heleno. Na oportunidade, o Diretor-presidente da “Prest-Ação Agro” e criador do Projeto “Mamona, Plante Esta Idéia”, José Márcio Costa Rocha, também se pronunciou, enfatizando os benefícios da implantação desta cultura.

A utilização da mamona

De acordo com José Márcio, a mamona é uma oleaginosa de valor inestimável para o controle ambiental e a sofisticação da indústria bioenergética do planeta. A contribuição mais recente desta planta vem ocorrendo na composição de óleo combustível biodegradável, além de manter o seu uso na aviação, tintas, medicina, etc. A partir de um projeto do Governo Brasileiro o óleo combustível vegetal (biodiesel) poderá ser adicionado, numa proporção de até 2%, aos derivados de petróleo consumidos no país.
Há quatro anos, a Prest-Ação Agro realiza a análise da viabilidade técnico-financeira de um projeto para estimular seu plantio e extração de óleo de suas bagas, beneficiando o pequeno produtor. O trabalho está sendo direcionado à Zona da Mata e ao Centro de Minas. A empresa pretende fornecer sementes de qualidade, condições para plantio e compra do produto a preços justos, baseados na produção e no preço e mercado.

Primeira safra

Na região, os municípios de Divino, Morro da Garça e Dores do Turvo já aderiram ao projeto. Uma área plantada de três mil hectares deverá resultar em um volume previsto de 4.200 toneladas de frutos / ano. Uma usina de esmagamento deverá ser instalada em Divino, visando favorecer os procedimentos de comercialização.
A expectativa é de que já no primeiro trimestre de 2.005, haja colheita da mamona na região e seu conseqüente envio para as usinas de esmagamento. O óleo obtido com este procedimento será destinado aos mercados interno e externo.
Em média, a colheita acontece 130 dias após o plantio. Em primeiro momento, a produção de mamonas dos três municípios deverá ser totalmente utilizada na produção de óleo de mamona refinado tipo 1.

Benefícios

Os idealizadores do projeto “Mamona: Plante esta Idéia” apontam benefícios como a geração de trabalho e renda no meio rural – através do plantio e extração do óleo de mamona; produção de fertilizantes através da “torta” obtida com seu esmagamento; melhoria da qualidade da terra do pequeno produtor; elevação da renda dos municípios e a consequente melhoria da qualidade de vida da população. Os produtores podem realizar consórcios do plantio da mamona com as culturas tradicionais como o feijão, amendoim e café – assegurando uma contínua fonte de renda para as suas despesas domésticas.
Entre os presentes, o Engenheiro Agrônomo Ruy Gripp e
o Provedor do HCL, Sebastião Onofre de Carvalho.
Calcula-se que o rendimento médio da mamona seja de 1.400 quilos p/ hectare. O preço médio pago ao produtor, entre fevereiro e abril deste ano, foi de R$ 1,00 p/ quilo, gerando assim uma receita bruta de R$ 1.400,00 p/ hectare.
O custo médio de produção é de R$ 680,00 / hectare e a receita por hectare em torno de R$ 720,00. No caso de regime familiar, deve-se considerar que, do custo estimado, cerca de R$ 230,00 são usados pra pagamento de mão-de-obra de capina e colheita e que, neste caso, ficará para a família uma renda de R$ 930,00 / hectare.

A origem da mamona

Acredita-se que os primeiros frutos da mamona tenham surgido na Etiópia (Nordeste da África). As sementes da espécie podem ter chegado ao Brasil trazidas pelas correntes marinhas do Oceano Atlântico ou mesmo pela semeadura natural ocasionada por pássaros migratórios. Outra explicação científica condiciona a mamona como fruto nativo do Brasil baseando-se na divisão continental do planeta. Neste contexto, é referenciada a similaridade da fauna e flora em terras da América do Sul com a África.

Conhecida por nossos avós

Quanto à utilização e aplicação comercial, a mamona está evidenciada desde o século XIX. Na época, seu óleo era utilizado para fins medicinais (óleo de rícino), lamparinas domésticas, iluminação pública e lubrificante para “Carros de boi”. No decorrer da segunda guerra mundial, a mamona foi amplamente utilizada como lubrificante.
Quanto às atividades em nossa região, o próximo passo deverá ser o cadastramento dos produtores interessados no cultivo.
Viviane de Souza, Professora de Agronegócios da Facig, destacou que a participação dos alunos da Faculdade neste encontro foi uma experiência positiva, proporcionando uma maior interação com o meio agropecuário da região.
Em entrevista à nossa reportagem, o Engenheiro Agrônomo Ruy Gripp elogiou a iniciativa na cidade, destacando a proposta de diversificação da agricultura e a facilidade de acesso para o pequeno produtor.

Thomaz Júnior

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