Residente no Córrego Guarani, em Reduto, a
Cafeicultora e Presidente da AMUC (Associação de Mulheres da Cafeicultura das
Matas de Minas e Caparaó), Cíntia de Matos Mesquita, foi eleita pela Revista
Forbes uma das “100 mulheres poderosas do Agro Brasileiro”. A divulgação da
lista foi na última sexta-feira, 15/10, data em que se comemora o Dia
Internacional da Mulher Rural.
Na lista, a Revista Forbes selecionou
representantes do movimento de mudança no campo. Por meio delas, o objetivo é
homenagear as mulheres que atuam no agronegócio, mesmo que o trabalho seja
realizado a partir das cidades.
‘Para chegar aos 100 nomes, fomos a campo
pesquisar, perguntar, buscar orientação de lideranças e também resgatar
informações de reportagens especiais. São mulheres que se destacam em
diferentes setores do agronegócio: elas estão presentes na produção de
alimentos de origem vegetal e animal, na academia, na pesquisa, nas empresas,
em foodtechs, em consultorias, em
instituições financeiras, na política, nas entidades e nos grupos de classe e,
mais do que nunca, nas redes sociais’, destacou a equipe de redação e pesquisa
da conceituada publicação.
Oito mineiras estão na lista. O nome de Cintia de
Matos Mesquita foi destaque da região, mas sua atuação é considerada nacional,
especialmente pelo protagonismo à frente das mulheres na cafeicultura.
Cintia é produtora de café em Reduto, na região das
Matas de Minas. Ela foi presidente da IWCA (Aliança Internacional das Mulheres
do Café, na sigla em inglês) no Brasil, e atualmente integra o Conselho da
entidade. A entidade sem fins lucrativos foi criada em 2003 a partir do
encontro de mulheres da indústria com produtoras de café na Nicarágua e tem por
objetivo promover a participação feminina nas decisões das políticas cafeeiras
e divulgar e valorizar os cafés de qualidade.
Em outra frente de trabalho, Cintia preside a AMUC
(Associação de Mulheres da Cafeicultura das Matas de Minas e Caparaó), que tem
sua sede em Manhumirim.
Sobre a notícia de destaque, Cintia relatou em
entrevista que ‘foi uma surpresa. Eles fazem um trabalho de pesquisa em todo o
país. E, eu recebi em casa, a informação pelo WhatsApp, enviada por uma amiga,
e, realmente fiquei muito surpresa. Há muitos anos, tenho trabalho voltado
muito para o coletivo, como cooperativas, associações, instituições como
alianças, então, não somente com o café, mas com outros produtos também, Brasil
a fora, mas o destaque maior é realmente na cafeicultura. Nós incentivamos as
mulheres às capacitações, à empoderar mais as suas lideranças na propriedade,
na região onde atuam, e, também dar maior visibilidade nesta produção que é tão
especial e que tem 100% de participação das mulheres na cadeia do café, do grão
até a indústria. Então, nesta conexão, vim trabalhando junto com as
companheiras, porque o mérito não é só meu. As mulheres fazem toda a conexão da
cadeia da cafeicultura’.
Recentemente, Cintia tem alavancado novos projetos
no setor agrícola e social. ‘Nos últimos quatro, cinco anos, além do café,
venho trabalhando com frutas frescas, o guaraná da Amazônia, e temos projetos
junto com o pessoal da laranja. É muito gratificante este trabalho’, comentou.
A agricultura é o polo maior da região,
principalmente o café
Cintia Matos reforçou a necessidade de as
lideranças políticas compreenderem e investirem na agricultura, especialmente
na cafeicultura da região. ‘Em modelos políticos, nossas lideranças precisam
entender que o polo maior é agricultura, e, principalmente, o produto café. O
que vemos na região, tanto nas Matas de Minas e Caparaó, é a cafeicultura; gera
muito emprego. Temos no período de safra, de abril a julho, e, por vezes, até o
final de agosto, dependendo da safra, grande geração de emprego. O comércio é
movimentado. Então, o investimento na produção agrícola da região, nos 64
municípios, deve ser grande, muito bem valorizado. As lideranças, não só do meu
município de Reduto, mas de toda a região, se não prestarem atenção, não
focarem neste processo, este trabalho que desenvolvemos não vai agregar tanto
valor. Precisa ser uma ação coletiva. Ou seja, eu, como produtora rural e uma
instituição que capacita, como FAEMG, SENAR, SEBRAE, além do próprio poder
público. O negócio é andar todo mundo junto’, ponderou.
Cupping/ Leilão em Manhuaçu
Cintia anunciou a realização de importante evento
para a cafeicultura em Manhuaçu, no próximo dia 05 de novembro, aniversário da
cidade. ‘Teremos no próximo dia 05 de novembro, um Cupping/ Leilão de cafés
produzidos por estas associadas. É um projeto novo, e, além disto, vamos
trabalhar no ano de 2022 muito focados no desenvolvimento das famílias da
região; não só no meio rural, mas dentro da cidade também, para que o meio
urbano conheça a produção agrícola. Este trabalho será ‘Mulheres liderando
famílias’, é um projeto que está no forno há algum tempo. É nosso propósito
buscar esta ligação, da parte urbana com a parte rural e vice-versa, e fazer
com que o comércio conheça os bons cafés. A ideia é criar rotas onde todos
possam visitar esses trabalhos que as mulheres vêm fazendo. Na verdade, estamos
copiando um modelo que é do Norte do Paraná. Não há problema dizer isto, porque
tudo que é bom deve ser copiado. Foi justamente as mulheres que alavancaram a
qualidade do café no norte pioneiro do Paraná novamente, porque a região estava
um pouco fora do mapa. Agora está retornando. Então, na nossa região, faremos
este projeto em 2022, investiremos na qualidade, no turismo e promover esta
integração para destacar o maior produto da região que é o café’, concluiu.
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