O reencontro foi
emocionante e a história é muito bonita.
Gonzaga, que é
manhuaçuense, relatou a atenção que a ex-diretora, D. Ione, teve com ele em
relação aos estudos e ao ingresso no mercado de trabalho, ainda na juventude.
‘Depois de 39 anos, encontrei a Professora Dona Ione, ex-diretora da Escola Maria de Luca, a Escola Normal. Fiz questão de encontrá-la, para agradecer-lhe o benefício, o grande gesto que ela gratuitamente teve comigo, em 1981. Naquele ano, com 17 anos, me inscrevi para o supletivo do 1º grau, e, para minha sorte, consegui ser aprovado em todas as matérias e ir para a Escola Normal, onde dona Ione era diretora. Também era ela que coordenava o supletivo. Ao chegar à secretaria da escola para receber o meu certificado de conclusão do 1º grau, a funcionária Luzia me recebeu, e, ao identificar meu nome, disse: ‘a Dona Ione quer te conhecer’. E me levou até ela. Dona Ione, uma senhora muito elegante, com o perfil de uma diretora muito responsável, me cumprimentou pelo resultado do supletivo e me convidou para estudar naquela escola. Eu disse que queria estudar, mas que precisava trabalhar para sustentar meus estudos e que morava na roça e meus pais não tinham condições de bancar estas despesas. Então, tivemos um diálogo mais ou menos assim. Ela disse: ‘venha estudar aqui na nossa escola. Nós vamos lhe ajudar a encontrar um trabalho. Quanto você quer ganhar?’ Surpreso, eu disse, que me sustentaria com pelo menos um salário mínimo. Ela perguntou: o que você sabe fazer? Capinar é o que eu faço lá na roça, respondi. Ela respondeu: ‘Pois é, mas com esta profissão o mercado não te paga um salário, talvez meio’. Ponderei e falei para ela que ‘se a senhora conseguir para mim, eu aceito’. Fui embora e comecei a procurar alternativas.
De repente, recebi um
recado que foi levado à casa dos meus pais que, confesso não sei quem levou,
dizendo que a professora Zuleika queria falar comigo urgente.
No dia seguinte, fui
cedo para a cidade de Manhuaçu, distante 40 km da minha casa, onde ainda meus
irmãos residem. Na escola, me disseram: ‘Dona Ivone não poderá recebê-lo, mas
ela indicou você e mais dois amigos para fazer estágio na Caixa Econômica
Federal’. Eles me explicaram que se tratava de um convênio com o banco, em que
a escola indicaria bons alunos. Adorei. Veja só, isso aconteceu na escola, onde
eu apenas havia feito a inscrição e matrícula. Esse gesto mudou minha vida. Desisti
de ir para Brasília. Tornei-me estagiário da Caixa Econômica Federal, com mais
dois colegas. Este trabalho durou pouco, apenas quatro meses, pois, a Caixa
encerrou o convênio. Então fui trabalhar no hospital, e, de lá, entrei na
Polícia Militar.
Dona Ione mudou o rumo
da minha vida. Eu poderia estar melhor ou poderia estar pior, mas o gesto dela
de me acolher na escola, jamais esqueci. O gesto dela de me indicar para o
estágio, de acreditar em mim sem nunca ter sido aluno do colégio, jamais
esqueci.
No entanto, nunca mais
tinha visto a Dona Ione. Já havia procurado, mas não havia encontrado. Hoje, fui
à casa dela, com o distanciamento necessário por causa da prevenção ao
Covid-19.
Ela, com 95 anos,
lúcida. Tive a oportunidade lhe dizer: ‘Muito obrigado! A Senhora me acolheu
sem nunca ter me visto. A Senhora mudou o rumo da minha vida e estou aqui para
agradecer. Meu muito obrigado!’, agradeceu o Deputado Federal Subtenente
Gonzaga.
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