Exemplo para novos talentos que
despontam nas artes plásticas na região, o manhuaçuense Samuel Campos Brandão
teve trajetória de vida fascinante, envolvendo a pintura e profunda paixão pelo
Impressionismo. Com participações em diversas exposições e salões de arte,
dentro e fora do país, seus quadros tornaram-se conhecidos e admirados pelo
público. Em entrevista especial, o artista relatou também a convivência com
outros grandes nomes das artes plásticas como Ivan Serpa, Alberto da Veiga
Guignard e Eugênio Sigaud.
Em 2012, o município homenageou
o saudoso artista plástico e músico com o Auditório Samuel Campos Brandão, na
Secretaria de Cultura, junto à Biblioteca Municipal no centro da cidade.
Making off da entrevista de vídeo, gravada em na
residência do artista em 2008.
Habilidoso nos negócios
relacionados à Engenharia, Samuel também decidiu trilhar o caminho das artes na
juventude. ‘Em 1965, eu tinha uma firma de engenharia que construía estradas.
Mexia com artes plásticas nos períodos em que ficava de folga. Fora disso,
continuei com a engenharia até liquidar a firma. Apesar de vender bastante meus
trabalhos, nunca tive a arte como suporte econômico. […] Eu já tinha tendência
a gostar das artes plásticas. Comecei a gostar mesmo com o Pintor Nilo Previdi
que me orientou, na época de 1965 a 1970, quando eu morava em Curitiba. O Nilo
me entusiasmou demais, me dava muito apoio. Fui então chamado para fazer
exposição e participar de salões oficiais e estaduais’, destacou.
Fazendo arte no Paraná
Com o médico e acadêmico da AML (Academia
Manhuaçuense de Letras),
Dr. Fábio Araújo de Sá.
Dr. Fábio Araújo de Sá.
Ainda no Paraná, em 1966, Samuel
recebeu Diploma de Honra ao Mérito pela contribuição artística ao Centro de
Gravura, e, nos dois anos seguintes, ensinou xilogravura aos alunos da referida
instituição.
No Rio de Janeiro e na Europa
No Rio de Janeiro, Samuel
Brandão frequentou o ateliê do escultor e artista Edgar Duvivier, professor da
Escola de Desenho Industrial da Guanabara. Lá, participou da construção da
primeira casa de ‘fiberglass’, em Sumaré-Guanabara. ‘No Rio de Janeiro,
coloquei em prática tudo o que havia aprendido e entrei no mercado com vendas,
participação em leilões e exposições. Me entrosei com pintores e galerias, no
Palácio dos Leilões, Galeria Irlandine e várias outras, também de renome. Tive
muito apoio do Ernani – que era um leiloeiro que tinha uma casa de leilões.
Fui, por ele, muitas vezes solicitado para expor. Inclusive ele tinha uma
galeria na Rua São Clemente e, em seguida, mudou-se para Ipanema (RJ), onde
também expus os meus quadros. Entre os pintores que eram mais chegados a mim
naquela época havia o Holmes Neves, Roberto de Souza entre outros’, comentou.
Em 1974, Samuel foi eleito
Vice-presidente da Associação dos Artistas Plásticos da Guanabara (Museu de
Arte Moderna – RJ). Nesta época, o artista pintou parte da ‘Via Sacra’, da
Igreja de Santo Antônio, em Manhuaçu, sendo citado pelo Dicionário Brasileiro
de Artistas Plásticos, de Carlos Cavalcanti, editado pelo MEC (Ministério de
Educação e Cultura).
Em Manhuaçu
‘Fui colega do ex-prefeito Dr.
Mário Assad no tempo de ginásio e ele pediu que fizesse exposição na
Prefeitura. Reuni algumas obras e fiz uma exposição lá. Depois doei uma parte
destes quadros ao Fórum Desembargador Alonso Starling’, salientou.
O impressionismo
Durante entrevista, Samuel explicou sua predileção pelo impressionismo. “Eu peguei a época do Impressionismo. E o que falava mais dentro de mim eram os quadros impressionistas porque o figurativo eu acho muito monótono. Você olha e cansa de olhar. Já o impressionismo não. Ele tem muitas cores, não tem nada definido, você olha e, na sua mente, você completa o que o artista quis transmitir na obra. Temos os exemplos de Van Gogh, Cézanne, todos estes pintores franceses que eram realmente muito bons e me deram muita base para desenvolver minha pintura”, pontuou.
Novos talentos
Solicitado a dar um conselho
para os jovens que agora ingressam nas artes plásticas, Samuel Brandão destacou
a importância da persistência e o contato com os grandes centros urbanos para a
comercialização das obras. “A pessoa tem que ter talento. O resto é trabalho,
trabalho e trabalho. Não pode parar não! Tem que trabalhar todo o dia. Levanta
e vai pintar até tarde da noite. Tem que ser assim até chegar num ponto em que
ele o artista domina, entre aspas, os pincéis para fazer a obra e projetar sua
personalidade. A venda é muito importante para o artista. Ele precisa vender.
Nas grandes cidades, pelo menos tem mercado. Onde tem mercado o pintor pode
prosperar. Agora, onde não tem mercado é muito difícil. A própria pessoa
desanima de pintar, o artista vai acumulando quadros, por não vendê-los”,
relata.
Na mídia
Ainda em 2004, Samuel Campos
Brandão foi homenageado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro, sendo condecorado com a Medalha Tiradentes.
O Deputado Armando José, autor
do Projeto, justificou que o artista ‘é dono de uma biografia inquieta, uma
vida de múltiplas atividades em que a arte é a mais constante. Suas pinturas,
com tonalidades fortes, o tornaram um dos mais interessantes pintores de nosso
País’.
Em sintonia com a música
Além das aptidões com a pintura,
Samuel demonstrava habilidades com instrumentos musicais como o piano e o
saxofone. ‘Quando era mais novo tocava saxofone. Aliás, tocava até
relativamente bem. Dava muita canja lá no Rio, nas orquestras, naqueles ‘dancing’.
Os músicos me convidavam e eu ia. Foi mais uma aventura mesmo. Nunca levei a
sério a ideia de ser profissional da música. Às vezes, em casa, toco piano para
quebrar a monotonia. Gosto muito de música americana, de jazz. Fico tirando
acordes, mas é mais por diversão mesmo, só pra mim’, destaca.
Samuel voltou a morar em sua
cidade natal em Manhuaçu, após ser vítima de um assalto em seu apartamento no
Rio de Janeiro.






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