Foi professora de Português, Matemática, Geografia e Ciências.
Foi diretora da antiga Escola Normal Oficial de Manhuaçu, atual EE Maria de Lucca Pinto Coelho.
Foi inspetora federal do Ensino Secundário, atuando em escolas de Caratinga, Manhumirim, Lajinha, Durandé, Simonésia, Mutum, Muriaé, Santa Margarida e Manhuaçu.
Foi agraciada com grandes títulos e homenagens, incluindo o Diploma de Mérito Constituinte do Estado de Minas Gerais.
Seu trabalho reuniu documentos e materiais que permitem o resgate da história de Manhuaçu.
Em 1981, fundou a Casa de Cultura de Manhuaçu e criou a Biblioteca Custódia Féres Abi Saber.
Em 1999, com a inauguração do Palácio da Cultura, viu o seu grande sonho se realizar, com o tombamento histórico do prédio do antigo Banco Hipotecário, e o devido apoio para sua reforma. Em seguida, deixou a presidência da Fundação Manhuaçuense de Cultura, mas continua8va envolvida com a cultura e a História de nossa terra.
UM POUCO DA BIOGRAFIA
Natural da cidade de Tombos, filha de João de Paula Campos
e Maria do Carmo Figueiredo Campos, dona Ilza é manhuaçuense de coração e
responsável pelos maiores projetos culturais de Manhuaçu em sua história
recente. Ela mudou-se para Manhuaçu em 1930 para que pudesse estudar, morando
na casa do irmão Amintas Campos. Porém, pouco tempo após se fixar na residência
do irmão, este, por questões políticas, precisou se ausentar de Manhuaçu com a
eclosão da revolução liderada por Getúlio Vargas, fugindo para a cidade de
Caratinga. Com a partida do irmão, a jovem Ilza recebeu o convite para morar na
casa da família de dona Jupira Wellerson. Esta parte de sua biografia dona Ilza
sempre guardou com carinho, considerando a família de dona Jupira a sua segunda
família. Algum tempo depois, com o retorno do irmão, ela tornou a morar com
ele.
Assim que dona Ilza se formou no curso Normal, iniciou sua
carreira de educadora, indo trabalhar no Colégio Manhuaçu como inspetora de
alunos. Recebendo o convite do professor Juventino Nunes, ela pegou duas
classes de cursos primário, que naquela época eram juntas em uma única sala de
aula. Depois foi lecionar no curso Propedêutico na mesma escola e também no
curso ginasial. Lecionou também geografia e história na Escola Oficial de
Manhuaçu, passando a ser muito respeitada na sociedade manhuaçuense da época.
Sempre progredindo passou também a ministrar aulas de ciências.
Precursora da inovação na área da educação em Manhuaçu, ela
implantou um projeto escolar com atividades extracurriculares com seus alunos.
E se destaca uma excursão na Serra da Caparaó com o objetivo de atingirem o
Pico da Bandeira. Para esta excursão a professora foi orientada por dois
professores do Rio de Janeiro: Osvaldo Frota Pessoa e Nilton dos Santos. Eles
eram professores de museu e durante esta excursão classificaram várias plantas
existentes na serra. Um evento que chamou a atenção nesta viagem foi que os
dois professores acharam uma bromélia cuja espécie ainda era desconhecida.
Encontraram apenas sementes, que foram levadas por um cientista de nome Brad,
dando o nome de Brad à planta. Conta-se que na publicação do livro os nomes de
dona Ilza, da escola e de todos que colaboraram com a descoberta tinham sido
consignados. Naquela época uma excursão para subir até o Pico da Bandeira era
um feito para poucos e esta viagem deu bastante notoriedade para a professora e
seus alunos. Em meados da década de 1950, a convite do então prefeito Altamir
Garcia e do inspetor federal de Ensino José Almeida da Silva, ela foi ao
Palácio das Mangabeiras, em Belo Horizonte e se encontraram com o secretário
Abgar Renault que ao ser apresentado ao grupo de Manhuaçu, prontamente
reconheceu a professora dizendo “Ah! Esta é a professora que deu nome a uma
bromélia e que levou os alunos ao Caparaó”.
Uma das maiores contribuições de dona Ilza Campos Sad para a
cultura da cidade foi a criação da Casa de Cultura de Manhuaçu, fundada em 8 de
novembro de 1981 pela saudosa professora. Em uma entrevista que a professora
deu para a também professora Ivonne Ribeiro de Almeida e transcrita em seu
livro ‘Fragmentos da História de Manhuaçu’, dona Ilza destaca a conquista do
prédio do antigo Banco Hipothecário de Minas Gerais para transformá-lo no
Palácio de Cultura.
“Estava com muita energia nesta época e tinha grandes
esperanças com esta casa. Pensava, por enquanto ficaremos numa sala da 11ª
Delegacia Regional de Ensino (DRE) – hoje Superintendência Regional de Ensino
(SRE) –, depois conseguiremos uma casa, que será a Casa de Cultura.
Infelizmente, estávamos em passos muito lentos, mas sempre tendo muitas
esperanças. Tivemos imensa alegria quando conseguimos o prédio de onde havia
sido a Prefeitura na rua Amaral Franco, a qual foi transferida para o prédio do
Banco do Brasil, que se mudara para uma edificação maior. Continuávamos a
sonhar mais alto. Agora ao invés da Casa de Cultura, seria o Palácio da
Cultura”.
Neste mesmo capítulo do livro da professora Ivonne, dona Ilza falou o que representava a Casa de Cultura para ela. “Ela representa para mim o ideal, esse ideal surgiu na época do centenário de Manhuaçu. para fazermos a festa, não tínhamos onde buscar dados para realiza-la. Então idealizei fundar uma Casa de Cultura, que seria uma casa de memórias para pesquisar as coisas de Manhuaçu. Felizmente, consegui um apoio extraordinário. O Dr. Mário Assad prometeu-me e cumpriu com a sua ajuda. Sem ele, não poderia dar início ao que pretendia. Temos pesquisado muito, feito trabalhos nas escolas, e já conseguimos resgatar boa parte de nossa história”.
Uma das perguntas formuladas por dona Ivonne resumiu o
pensamento de dona Ilza sobre a educação e, deste modo, demonstra a paixão
desta mulher por sua profissão. A escritora perguntou a dona Ilza o que ela
esperava das escolas de Manhuaçu. E a simpática professora respondeu: “Das
escolas não espero, e sim de mim, de nós que precisamos da escola. Pedir-lhes
ajuda, pois estes meninos são excelentes e estão sempre disponíveis para nos
ajudar. Qualquer trabalho que se promova eles participam plenamente e gostam”.
Em maio de 2.006 a Casa de Cultura adotou o nome fantasia
de Ilza Campos Sad, em homenagem póstuma à sua fundadora.
(Thomaz Júnior / Cidades do Café)
Fonte: Revista
Mais e Diário de Manhuaçu 'Na Lente da História)
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