Derriça mecânica: uso de derriçadeiras é cada vez maior na região |
Produtores destacam vantagens do uso do equipamento nas lavouras
‘Agora está sobrando tempo até para eu cuidar de uns bois que têm ai na propriedade’, comentou o apontador Rosemar (profissional encarregado de tomar o ponto dos trabalhadores), responsável pelos apanhadores de café, de uma das propriedades rurais visitadas pela reportagem, em referência ao uso de derriçadeiras na colheita.
Considerado como processo de semi-mecanização da colheita, o uso de derriçadeiras portáteis vem se tornando cada vez mais comum nas lavouras da região, além de se revelar como tendência no Brasil e demais países produtores de café.
Entre as vantagens constatadas em relação à colheita manual, destacam-se como atrativos o fácil manuseio – devido ao pequeno porte do equipamento-, a redução dos custos de mão-de-obra – em consequência da eficiência da máquina e, o que é considerado fator principal, a capacidade delas de extrair praticamente todos os frutos da planta – evitando o prejuízo decorrente dos grãos que, eventualmente, ficariam no pé.
A principal preocupação de trabalhadores rurais que resistem ao sistema mecanizado é o risco de desemprego, já que a derriçadeira reduz a praticamente à metade o número de pessoas contratadas, normalmente, nos períodos de colheita.
Cafeicultor Rosemar. |
No entanto, o uso das derriçadeiras aumento a remuneração do colhedor de café, e, além disto, o manuseio da máquina é simples, com capacitação disponibilizada pelo próprio revendedor do equipamento, conforme explicam produtores entrevistados.
A cafeicultura de montanha, como é característica na região, impede a total implementação da colheita mecanizada, como acontece nos terrenos planos, em que tratores adaptados percorrem as lavouras, substituindo praticamente toda a atividade humana.
Já a semi-mecanização, consiste no uso de equipamentos – como as derriçadeiras portáteis - em que o apanhador de café adentra nas lavouras portando a máquina individual, realizando sua atividade de forma mais rápida, com menos perdas. O grão derriçado com a vibração da máquina cai em um pano estendido sob as plantas que, em seguida, é juntado em sacas e levado para os armazéns de beneficiamento.
Cafeicultor Eric Werner. |
Em entrevista à reportagem, cafeicultores enfatizaram que, no geral, a aquisição de derriçadeiras têm sido benéficas para ambas as partes: produtor e trabalhador. ‘Na verdade, a preocupação não é agilizar a colheita e sim torná-la possível porque a área plantada com café na região aumentou muito. A produtividade também aumentou muito, e, a oferta de mão-de-obra para realizar a colheita é que não está sendo suficiente. Então, estamos buscando meios para tornar a panha mais eficaz. A oferta de trabalho não acompanha na mesma velocidade em que se aumenta a quantidade de lavouras. Então, estamos buscando soluções para esta questão. O uso das derriçadeiras é simples. Qualquer pessoa pode aprender facilmente a manuseá-la. Há também o aspecto da capacitação do trabalhador. É impressionante! A pessoa se sente mais valorizada e muito mais capaz. Há uma sensação de engrandecimento profissional. A pessoa passa de colhedor de café para operador de derriçadeira. Então, você está capacitando uma pessoa, dando uma oportunidade, melhorando a remuneração e trazendo ganhos muito grandes para todos. Observamos também que as plantas estão permanecendo mais conservadas, ao serem colhidas com a máquina, em vez das mãos. O uso de derriçadeiras é mais fácil para os produtores de menor porte porque eles terão contato mais próximo e mais direto. Com isto, eles conseguirão ainda mais eficiência. Também é importante dizer que, para esta safra, nós produtores estamos muito bem servidos de equipamentos. Os equipamentos melhoraram demais e caíram de preço, a verdade é esta’, destacou o produtor Eric Werner, residente na Comunidade Assis Brasil, em Manhumirim.
Outro cafeicultor entrevistado foi Osiel Schott, da Fazenda Bom Retiro, situada entre Manhumirim e Alto Jequitibá.
Cafeicultor Oziel Schot. |
Idealista, Oziel é considerado um dos pioneiros no processo de semi-mecanização das colheitas da região. “São muitas as vantagens. Temos conseguido colher uma quantidade maior de café com menos gente trabalhando. A preocupação e resistência percebidas em alguns produtores são relacionadas ao estrago da lavoura, mas isso não acontece. Na verdade, o estrago na lavoura é menor do que na colheita manual. Outra resistência é por parte dos trabalhadores. Eles têm medo de estarmos causando o desemprego mas, na verdade, esta semi-mecanização não é para causar o desemprego, e sim para suprir falta de mão-de-obra que acontece hoje na região. A fase da colheita é a mais difícil de todo o período de produção do café porque, durante todo o ano, você consegue administrar e controlar todo o serviço. Na colheita, você sai do controle porque não há mão-de-obra suficiente para fazer a safra na hora certa. As máquinas vieram para ajudar este processo. Sobre o rendimento do trabalhador, temos um cálculo, uma média na região, em que o trabalhador recebe, na colheita manual, entre R$ 30,00 e R$ 33,00 por pessoa/ dia. Quando a colheita vai para a mecanização, esta média vai para R$ 45,00 e R$ 48,00. Então, temos um ganho para o trabalhador de 40% a 50% p/dia, trabalhando com a máquina. Mesmo assim, com custo/ benefício para o proprietário melhor do que procedendo com a panha na mão. Em nossa propriedade, estamos com o processo de colheita praticamente 100% mecanizado, apenas em uma pequena área em que a lavoura é muito nova, estando em primeira colheita, que vamos fazê-la de forma manual, mas vamos continuar com o trabalho mecanizado até atingirmos o nível que queremos”, adiantou.
(Thomaz Júnior)
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