Idealizadores falam do projeto durante coletiva
de imprensa em Caratinga
Um intenso trabalho de pesquisa e de entrevistas teve início em Manhuaçu, nos últimos dias, visando a produção de uma inédita obra cinematográfica de ficção.
Trata-se do filme “Um Conto de Pilão de Réis”, que, em sua trama, abordará fatos históricos como a “República de Manhuaçu” (1896) e a “Guerrilha de Caparaó” (1966 – 1967), além da possível estada do líder guerrilheiro Ernesto Guevara (Che Guevara) na região, durante o período da Ditadura Militar.
O projeto surge a partir de parceria envolvendo o escritor Bibiano Alex Rocha, dono da obra e autor de “Nos Bastidores da PM – O efeito de um ideal” (Scortecci, 2006); Diretor-presidente do Instituto Doctum, Professor Cláudio Leitão (Produtor Executivo do Filme); Diretor Financeiro da instituição, Roberto Fully (Coprodução Executiva) e do Cineasta Sávio Tarso (Produtor do Filme).
Em entrevista, o Diretor Executivo do filme, Cláudio Leitão, relata como surgiu a ideia de lançar este projeto. “As coisas foram acontecendo, através do trabalho do Bibiano e também com o nosso professor que já vem há muito tempo trabalhando a questão de cinema. Já estamos, há algum tempo, “namorando” a área de cinema e vamos trabalhar nesta direção. Quero dizer, em primeiro lugar, da nossa alegria de poder ter este compromisso com Manhuaçu e sua história. Chamou-nos muito a atenção a história que envolve a “República do Coronel Serafim Tibúrcio”, uma história desconhecida, muito interessante, em um momento importante da história do Continente Latino Americano e, de outro lado, toda aquela história ainda bastante encoberta sobre a Guerrilha do Caparaó. O que dá, na verdade, uma dimensão de uma história marcada de rebeldia, indignação, tentativas de construção de sociedade, através de outros parâmetros, propostas e idéias. Com a junção destes dois profissionais, o Instituto Doctum dá suporte, como uma plataforma de lançamento, proporcionando condições para a concretização deste projeto, transformando-o em realidade. Estamos financiando, neste momento, os trabalhos de pesquisa que estão sendo elaborados. Nós apostamos que é um bom projeto. E, com o apoio de toda a comunidade, poderemos viabilizá-lo por meio da Lei de Incentivo à Cultura. É um sonho que virou projeto. Esse trabalho, em sua fase inicial, terá total suporte da Doctum porque acreditamos nele. Trata-se de uma obra que contribuirá efetivamente para o resgate da memória, da cultura, e da afirmação da comunidade de Manhuaçu e de todo o entorno do Caparaó. Fico muito feliz de poder trabalhar nesta direção e contamos com seu sucesso - que não depende só de nós, mas que estaremos lutando com todas as forças para torná-lo realidade. Nossos professores estão empenhados nesta pesquisa. Nós temos a felicidade de ter o Sávio, que é uma pessoa experiente, premiado em diversos filmes de curta-metragem, foi Professor do curso de Comunicação da FIC, em Caratinga, e atualmente trabalha em um projeto que articulamos visando um centro de excelência na área de cinema – mantendo contatos com outros renomados cineastas como a Tizuka Yamasaki, Maria das Graças Senna e outros profissionais que já estiveram aqui, discutindo a criação deste polo. Na verdade, isto é um sonho e a gente tem que sonhar mesmo. E sonhar alto! Eu acredito nisto. Esta história é fantástica, no sentido do que ela pode revelar. A História se constrói. O futuro é construído a partir daquilo que nós conseguimos captar do nosso passado. Isso é didático, é revolucionário, e pode acrescentar muita coisa, evidenciando Manhuaçu e região no Brasil inteiro, e, até, além-fronteiras, conforme a produção a ser realizada”, destaca Cláudio Leitão.
O Escritor Bibiano Alex Rocha relata que os importantes fatos históricos ocorridos na região serão retratados de forma especial neste filme. “É uma felicidade muito grande, saber que temos o apoio da Instituição de Ensino nesta pesquisa, em que cerca de sessenta pessoas antigas da região serão ouvidas. A obra relembra dois fatos históricos de peso nacional, quiçá internacional. Tivemos a felicidade de saber entrelaçar estes dois fatos porque, se falar da “República de Manhuaçu” por si só já é um fato pronto e acabado, belíssimo de ser contado. Mas, não poderíamos deixar de falar sobre a “Guerrilha de Caparaó”. O entrelaçar das duas histórias com o “Um Conto de Pilão de Réis” - a moeda da “República de Manhuaçu”, e a figura do Ernesto - Che Guevara - justamente nesta “bolha” que existe na biografia dele que, no nosso caso - ficção, coloca-o nestas duas histórias e nos deixa tranquilos, sem que haja injustiça tanto em uma história quanto na outra. Manhuaçu e região tem uma tradição revolucionária. Para mim, excesso de coincidência não é excesso de coincidência, é tradição. O mundo vai conhecer Manhuaçu e região por seu passado valoroso, histórico e revolucionário. Tenho certeza absoluta disto. O que precisamos é de estrutura e estamos começando a adquiri-la, com o apoio do Instituto Doctum, e, posteriormente, após a conclusão do projeto, protocolá-lo no Ministério da Cultura para, em seguida, realizar o trabalho árduo de captar recursos provenientes da Lei Rouanet”, explica Bibiano.
Ainda na coletiva de imprensa, o Cineasta Sávio Tarso mencionou a importância da obra cinematográfica. “É um atrevimento, uma grande aventura que a gente está empreendendo porque propor fazer um filme no interior do Brasil é realmente algo bastante ousado. Estou muito feliz em ser convidado para participar deste projeto. O Brasil precisa se conhecer. Nosso país não é só litoral, nem metrópole. Estamos fazendo a pesquisa para apresentarmos o Projeto no Ministério da Cultura e pleitear os recursos da Lei Rhouanett para fazer o filme. Este momento é muito rico porque estamos conhecendo as histórias de Manhuaçu, que é uma cidade importante para toda Minas Gerais e, estes dois episódios, tanto a República de Serafim Tibúrcio quanto a Guerrilha do Caparaó, merecem ser retratados nas telas do cinema. O Brasil precisa conhecer estes episódios porque eles são de grande repercussão, principalmente por serem histórias que ainda não foram bem contadas. Ao fazermos um filme sobre estes temas, vamos lançar luz sobre a História recente do Brasil. Nosso país ainda é o sertão, ainda são os coronéis, ainda é a guerrilha. O Brasil passou por estes fatos sem resolvê-los e fazer um filme como este representa questionar esta história e repensá-la para o Brasil atual. Nosso desejo é que este filme sintetize o que a alma do povo sabe sobre estas histórias”, adianta Sávio.
As entrevistas aos moradores selecionados, visando o levantamento de informações relacionadas aos dois períodos históricos, deverão continuar nas próximas semanas em Manhuaçu.
(Thomaz Júnior)
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