segunda-feira, 12 de maio de 1997

Personalidades de Manhuaçu: os 110 anos de Nascimento de João Claudino Pinto

 JOÃO CLAUDINO PINTO

Nascimento: 06-05-1887 

Falecimento: 05-11-1947


Carangolense por nascimento, manhuaçuense por opção, falar de Manhuaçu é falar de "João Claudino".


Homem íntegro, trabalhador, honesto e destituído de egoísmo, lutou apaixonadamente pelo bem comum, onde não escolhia raça ou cor, credo religioso ou classe política. Agia como ordenava o seu espírito cristão, amigo e democrático.

Dos 60 anos que viveu, 35 foram vividos em Manhuaçu, cidade que ele pegou em seus primeiros passos, participando ativamente do seu desenvolvimento, até o último dia de sua vida. "Pode-se dizer que João Claudino era um manhuaçuense, nascido em Carangola-MG", tal o seu amor pela localidade.

No Manhuaçu antigo, assistiu o desenrolar de renhidas e apaixonadas lutas políticas e, mesmo mantendo a sua opinião, nada sofreu, por ser estimado e respeitado por todas as facções.

Aportou nesta cidade com a primeira locomotiva e era ferroviário naquela ocasião, trazendo o assentamento dos primeiros trilhos da E. F. Leopoldina, a primeira ferrovia da época.

Durante longos anos, foi representante da "Singer" e, talvez o primeiro vendedor de máquinas nesta região, trabalho que exigia grande sacrifício, devido ao difícil acesso a qualquer localidade que fosse.

Homem de máxima confiança, foi auxiliar das Firmas: Valentim & Rodrigues e Thomé Novais Ltda. Nas construções de nossa Igreja Matriz e nosso hospital, o seu trabalho foi incansável, sem nenhuma remuneração. Ser humano sensível, amante da música, foi um dos fundadores da Banda Santa Cecília.

Cidadão justo e correto, somente a prática do bem o satisfazia. À beira do Ieito de um enfermo, lá estava ele, mas, visita sempre diferente das outras, nunca se esquecendo de perguntar se faltava alguma coisa em que pudesse ser útil, principalmente quando se tratava de pessoas sem recursos. 

Na morte, não admitia enterro como indigente; "vai e volta", como se dizia, providenciava logo uma subscrição; se não surtia efeito, ele mesmo arranjava o material necessário e fazia o "caixão", para que a pessoa pudesse ser sepultada, com a dignidade de gente.

Por ocasião da epidemia cognominada "espanhola", (que graças a Deus, ele e o Monsenhor Gonzalez não contraíram), saíam os dois, em socorro de doentes, do jeito que podiam, ora levando remédio, ora alimento, que eles mal sabiam fazer, mas que não se furtavam, para que ninguém morresse também de fome. Vale dizer que o mingau de fubá com leite era a especialidade deles.

João Claudino Pinto por sua inteireza, várias vezes exerceu a suplência de autoridades jurídicas da cidade, ocupando na ocasião de seu falecimento o cargo de Juiz de Paz, cumprindo a sua missão até no leito, quando no final, mal podia se levantar, participando assim da vida da comunidade até o último momento de sua vida.

João Claudino, cidadão carangolense, mas manhuaçuense de coração, era filho de família humilde, mas bem constituída. Teve como pais Claudino Pinto de Oliveira e Dona Carolina Leopoldina de Oliveira, sendo ele o mais novo dos quatro irmãos.

Pai de família extremado, era casado com Dona Francisca Claudino Pinto, que lhe deu cinco filhas, todas nascidas em Manhuaçu.

Veio a falecer à 05-11-1947, depois de enfermidade longa, confortado pelos sacramentos da igreja, como bom católico que era, sendo sepultado no cemitério local antigo, no túmulo nº 592.

"Os dados desta biografia foram extraídos dos jornais: Estado Novo nº 239 de 09-11-1947 e do Jornal de Cachoeiro de Itapemirim".


De suas filhas, eternas saudades. De seus netos e bisnetos, imensa gratidão pela constituição sólida de uma família, que vem perpetuando seus ensinamentos ao longo destes 50 anos de ausência. Até breve.


Filhas, netos e bisnetos.


(Texto publicado no Jornal Tribuna do Leste, edição 11/05/1997, p. 10)


Pesquisa e Digitalização: Thomaz Júnior


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