Engenheiro Agrônomo Ruy Gripp
Durante três dias, entre 11 a 13/03/97, técnicos de várias áreas, piscicultores e interessados na atividade PEIXE (cerca de 200 participantes) analisaram, debateram e estudaram os problemas e as possíveis soluções para a exploração do potencial que a piscicultura representa para a Zona da Mata de Minas Gerais.
Realizou-se o denominado Seminário de Piscicultura, no Centro de Treinamento da Ruralminas, em Muriaé (MG), quando cerca de 12 palestrantes (2 do Paraná, 2 de São Paulo, 2 de Belo Horizonte, 2 da UFV - Viçosa-MG, 1 de Brasília, 1 do Rio de Janeiro, 1 de Sete Lagoas, e 1 de Muriaé), representando entidades governamentais e particulares como EMATER, EPAMIG, Secretaria da Agricultura, UFV, SEBRAE, RURALMINAS, FAEMG, OCEMG, etc. analisaram os vários ângulos da atividade PEIXE, que vem tendo uma expansão surpreendente em alguns Estados do Sul do país como Paraná, Santa Catarina, São Paulo e em Minas, se destacando em Muriaé e nos municípios vizinhos, hoje já um importante polo de criação de peixes tanto ornamental como de abate.
Na ocasião, foram analisados os problemas da produção de alevinos, a criação de peixe ornamental e de carne para abate e para Pesque-Pague, a organização da comercialização interna e de exportação, os tratamentos e conduções da água, a construção dos tanques, viveiros, açudes, e reservatórios, a alimentação exclusiva com ração balanceada, ou mista, com dejetos de suínos, aves ou bovinos, na educação orgânica, ou exclusivamente com adubação química da água para produção do plâncton vegetal e animal, o controle químico, físico e biológico da água onde o peixe vive e se reproduz, a expansão do mercado interno com os Pesque-Pague (somente São Paulo com cerca de 1000 unidades), a industrialização do filé de Tilápia e o potencial de seu mercado interno e externo, as espécies de peixes de melhor aceitação comercial, de melhor rendimento econômico, etc.
Foi afirmado, que embora a CARPA seja um dos peixes mais explorados no mundo inteiro, sua carne não tem boa aceitação pelo brasileiro, mas apenas pelas colônias japonesas no Brasil. Sendo a Tilápia asse xuada (neutra, sem sexo, alimentada com hormônio nas primeiras semanas de vida e que não reproduz, evitando a superpopula- ção que prejudica o desenvolvimento e portanto sua exploração econômica, além das fêmeas terem menor crescimento do que os machos) já existente no comércio, embora na região com preço muito elevado por ainda serem poucos os que estão adotando esta tecnologia de recente introdução a nível popular.
Atualmente, tornou-se um dos peixes mais indicados pela sua rusticidade, produtividade e qualidade de sua carne, com ótima aceitação para o consumo interno e para exportação, na industrialização do FILÉ DE TILÁPIA.
É de aceitação também para Pesque-Pague, embora para esta atividade tenha outros peixes melhores como Pacu, Tambaqui e Tambacu, etc.
Outra espécie de peixe que se destaca hoje é o Bagre Africano, pela sua grande rusticidade, rápido crescimento, ótima conversão alimentar, superando a Tilápia em muitos ângulos.
Muitos são contra o Bagre Africano, o afamado CATFISH dos Estados Unidos, por ser predador e exótico. Mas nada cerca o que é bom, o que dá bom rendimento econômico, sem muitas exigências em temperatura e qualidade da água. Ele já está se expandindo violentamente: ninguém o cerca mais. Ele dominará em breve pelas suas qualidades superiores, embora tenha o fator negativo de predador inveterado.
No final do encontro, orientado por 4 técnicos do SEBRAE, foi realizada avaliação do encontro, colhidas propostas e sugestões e formada uma comissão organizadora da Associação Regional dos Piscicultores da Zona da Mata de Minas Gerais, com sede em Muriaé-MG, maior polo da piscicultura mineira, atualmente.
A Associação tem por finalidade divulgar e organizar a PISCICULTURA nesta região do Estado, em todos os seus vários segmentos: pesquisas, seleção e melhoramento genético, introdução de novas espécies, assistência técnica, fiscalização e orientação da comercialização de alevinos, da ração balanceada, organização de mercado, estímulo ao consumidor da carne de peixe, etc.
Este Seminário representará um arco importante na história da Piscicultura mineira, demarcando seu desenvolvimento.
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